1 de agosto de 2007

Pinochet e Castro, unidos na gloria e na agonia

11 de dezembro de 2006

Ângela,olá.

Hoje te escrevo para te contar do Chile, não do Brasil.

Como você deve estar sabendo, ontem pela tarde Augusto Pinochet morreu, após uma vida relativamente tranqüila e sem sobressaltos. É impossível falar sobre o Pinochet no Chile sem despertar paixões Maniqueístas. Mas o que a maioria dos chilenos não percebe é que Pinochet foi uma peça no tabuleiro da guerra fria. Foram anos loucos, Allende era louco e Pinochet era louco. Allende tinha um plano mirabolante de transformar o Chile na segunda nação comunista da América, e nisso teve apoio direto de Fidel Castro em pessoa,e o apoio suposto dos Soviéticos. Fidel passou varias semanas peregrinando pelo Chile, pregando sua revolução na permanência mais longa fora de Cuba desde a Revolução. Pinochet era o militar tecnocrata que, nomeado pelo próprio Allende, abraçou a causa anticomunista, insuflado por Kissinger e seus boys.

Allende está fora dessa análise, morreu antes de confirmar as boas ou más expectativas que inspirava. Sobram Pinochet e Castro.

Ambos são idealistas intransigentes. Ambos tomaram o poder pela força, ambos derramaram sangue no processo.

Castro acredita no poder do estado para dar bem estar ao povo, e em certa medida parece ter conseguido. Cuba, com todos os problemas que enfrenta, tem um povo que não passa fome e é relativamente escolarizado. Pinochet, acreditando ou não, deu espaço ao mercado, e o Chile mergulhou num experimento neoliberal radical possibilitado pelo poder absoluto. O processo foi longo e doloroso, com altos e baixos, e colocou o Chile nos umbrais do primeiro mundo. No Chile, uma economia de mercado extremamente aberta, a saúde e a educação são acessíveis a todos em níveis compatíveis com os Cubanos, e a custos e qualidade de primeiro mundo para quem quer e pode pagar. Saúde e educação: o mote de todo político, bom ou mau.

Pinochet recebeu um país com a indústria do cobre estatizada, e, curiosamente, não a devolveu aos capitais estrangeiros. Castro contou por décadas com a venda superfaturada de açúcar aos soviéticos. Cada um com seu subsidio.

Talvez as semelhanças terminem por aí. Em algumas décadas, caminhos tão distantes mas paralelos levaram a destinos muito diferentes. Cuba está à espera do líder agônico para, com sorte, viver uma transição que os leve a uma melhor situação. O Chile de Pinochet viveu uma transição democrática, imposta, com idas e vindas mas democrática enfim. O General que iniciou seu governo da forma menos legítima possível terminou o mandato passando a faixa presidencial a um novo governo que ganhou eleições limpas, que se realizaram sob as leis criadas pelo próprio General Tirano. Legitimou-se ao longo do caminho, reconhecem hoje seus próprios opositores.

Não se trata de endeusar a Pinochet. Se trata de estabelecer um paralelo entre dois personagens ao mesmo tempo tão diferentes e tão iguais como ele e Casto. Romper os mitos e paradigmas do “bom socialista”. Castro é e foi tão terrível como Pinochet, com resultados pífios para seu país. No dia em que entendermos isso, vamos derrubar as máscaras de Umalas, Morales, Chavez e Silvas. O Trabalho e o esforço coletivo e pessoal são o ÚNICO caminho para o desenvolvimento de uma nação. Ao governo lhe cabe sentar as bases e aplainar o caminho para isso. Não deve, não consegue e não pode levar o povo no colo.

Sorte a todos.

Carlos.

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