30 de julho de 2007

A incrivel capacidade de desarmar bombas

Mail recebido em outubro de 2006.
Autor: desconhecido

(nota: revisei hoje e este bombástico livro está à venda nas "americanas.com" por R$ 44,90 O que aconteceu com as declarações bombásticas? Alguem leu?)

"BOMBA! LIVRO DE RICARDO KOTSCHO PROMETE POR FIM AO GOVERNO DE LULA !

O autor foi companheiro próximo do LULA durante todo aquele período, deixando claro que tem conhecimento pessoal por ter presenciado e participado de muitas das ações e reuniões. "Livro de ex-assessor de imprensa de Lula garante que o presidente participou junto com Dirceu das negociações do Mensalão".

O presidente Lula da Silva não poderá mais alegar que nada sabia sobre o escândalo do mensalão. Ele participou das negociações do esquema. A revelação está no livro "Do Golpe ao Planalto", escrito por seu ex- assessor de imprensa e amigo pessoal, Ricardo Kotscho, que será lançado hoje em São Paulo, editado pela Companhia das Letras. Uma candidata ao Senado pelo estado de São Paulo pelo nanico PTC, Ana Prudente, que aparece com 2% nas pesquisas, promete usar o livro para lançar uma campanha de mobilização nacional pelo impeachment de Lula, em função do objetivo fato novo.

Na obra, Kotscho coloca a marca do repórter acima da carteirinha do partido, ao narrar a negociação do PT com o PL, que ele presenciou em 2002, no apartamento do ex-deputado Paulo Rocha (PA), onde se plantou a semente do mensalão. A negociação juntou, de um lado, Lula e José Dirceu, e de outro, José Alencar e Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Só três anos depois, Kotscho descobriu o móvel principal daquela feroz discussão: R$ 10 milhões. E o pior, é que ele assegura que Lula estava lá, debatendo a "fixação do preço".

Ricardo Kotscho, que não é filiado ao Partido dos Trabalhadores, acrescentou um pósfácio em que faz duras críticas à corrupção no governo. O jornalista conclui que a corrupção é um "ingrediente trágico em nosso destino". No livro, cujo objetivo é narrar sua trajetória profissional, Kotscho garante que nos seus dois anos de governo não teve nenhum sinal ou evidência de corrupção. Ele narra que, ao visitar um jornal, em janeiro de 2004, como assessor de imprensa do presidente, recebeu uma saraivada de críticas ao listar as realizações do governo Lula. Naquele instante, Kotscho desafiou: "Vocês podem falar o que quiserem, mas pelo menos são obrigados a reconhecer que neste governo não tem corrupção". O assessor só deu azar porque, um mês depois, explodiu o caso Waldomiro Diniz, que foi o estopim de todas as crises que atingiram o governo, com o mensalão, a queda de José Dirceu, o estouro da máfia dos sanguessugas, e, agora, a ainda não explorada Operação Mão de Obra, desbaratada pela Polícia Federal, que denuncia a manipulação de licitações, com um esquema que movimenta mais de meio bilhão de reais com a limpeza terceirizada dos órgãos da União.

Tanta sujeira, junto com a revelação contida no livro, levam a candidata a senadora pelo pequeno Partido Trabalhista Cristão paulista a relançar uma campanha pelo impedimento de Lula, mesmo próximo do período eleitoral. A candidata Ana Prudente considera que a declaração contida no livro de Ricardo Kotscho é o ingrediente final para comprovar que Lula não só sabia desde o começo, mas teve participação ativa na negociação com o PL no processo de cooptação de uma base aliada para o seu governo. Por isso, pretende liderar uma campanha nacional pelo impeachment de Lula.

Lançamento imperdível: O lançamento do livro "Do golpe ao Planalto - Uma vida de repórter" (Companhia das Letras), de Ricardo Kotscho, será hoje, a partir das 19h 30min, no Avenida Club, um bar que tem livraria, na Avenida Pedroso de Moraes, 1036 - Pinheiros/São Paulo).

Independentemente da polêmica que o livro venha a lançar, irritando os petistas na véspera da eleição, a obra de Kotscho sempre tem muito a ensinar, sobretudo aos jornalistas. Ricardo Kotscho é um dos maiores repórteres brasileiros, com passagens marcantes pelos jornais Estado de São Paulo, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e Istoé. Teve sua dura experiência de jornalista "chapa branca" no governo de seu amigo Luiz Inácio Lula da Silva - com quem se dá desde os tempos das greves operárias do ABC. No livro, Kotscho revelou que, no passado, teve pressentimentos sobre Lula no poder: O principal era que o presidente, a vida toda habituado a aplausos e elogios, não estivesse psicologicamente preparado para enfrentar uma onda daquele tamanho"

Dez razões para não votar em Lula

Recebido por mail em setembro de 2006
Autor: Gilberto de Mello Kujawski (não confirmado)

Meu pensamento circulava por outras esferas quando a leitura da declaração de voto em Lula pelo simpático professor Renato Janine Ribeiro (USP, Sorbonne, etc.) me trouxe de volta à realidade: 'Voto em Lula. Acho o governo dele melhor que os anteriores. A economia está melhor, a Polícia Federal está melhor, a educação está melhor, o custo dos alimentos está mais baixo. Então, acho que a condição do povo está melhorando' (Folha de S.Paulo, 25/8).

Panglossiano. Se fosse no tráfego, o autor dessa declaração seria multado. Nunca se viu alguém andar tão a gosto na contramão das idéias e dos fatos.Então, indaguei-me: se me perguntassem por que não vou votar em Lula, o que eu diria? Quais as razões de minha rejeição ao presidente Luiz Inácio? Alinhei logo em seguida as dez razões pelas quais não voto em Lula. Ei-las: Lula, ao contrário do que quer parecer, é um político de feitio francamente conservador, que reproduz os piores vícios dos velhos políticos brasileiros, a saber: patrimonialismo, clientelismo, centralização, populismo, autoritarismo.

Patrimonialismo - Ao lotear o governo pelo PT, Lula traiu seu patrimonialismo, procedendo, ele e o PT, como donos absolutos dos cargos de confiança, proprietários legítimos do governo transformado em 'cosa nostra'.

Clientelismo - compra disfarçada de votos em troca de favores, como o Bolsa-Família, seu carro-chefe eleitoral.Centralização - O presidente é o governo e não abre. Tudo passa por suas mãos. Muita suspeita, portanto, na sua alegada "inocência" nos casos de corrupção. Nada se faz no governo sem sua ciência, sem seu aval, sem sua cumplicidade.

Populismo - Ele convive mal com as instituições democráticas, o Congresso, o Judiciário, a imprensa. Quer governar acima das instituições, como o 'pai dos pobres', em ligação direta com o 'povo'.

Autoritarismo - Como todo populista, como todo coronel, sua auto-suficiência se traduz no mais decidido autoritarismo nas relações com os ministros, os partidos, os deputados e os subordinados.

Ao ser tão conservador - no mau sentido - e querendo posar de progressista, Lula revela-se uma fraude política, utilizando a mentira como sua arma principal. Dessa mentira faz parte seu tão falado 'carisma', inventado para impressionar os trouxas.

Lula rebaixou os índices de crescimento do País a níveis haitianos, como se sabe. Melhorou o emprego? Balela. Quando Alckmin declarou: faz pouco, que Lula é um exterminador de empregos, muita gente falou em gafe. No dia seguinte veio o indicador do IBGE: o desemprego no País é o maior em 15 meses. Só o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, não sabia.

Lula herdou a política econômica do governo anterior, mas se mostrou um mau herdeiro. O bom herdeiro amplia e aperfeiçoa a herança. Lula contentou-se em repetir e conservar a política econômica estabilizadora do seu antecessor, boa para seu tempo, sem acrescentar nada de novo. O que teria de fazer seria aproveitar a estabilidade para incentivar o crescimento. Em vez disso, marcou passo até agora, enquanto outros países emergentes já revolucionaram a escala do desenvolvimento. Nem mesmo foi respeitada a autonomia das agências reguladoras, uma das maiores conquistas do governo Fernando Henrique Cardoso. O governo Lula elevou a carga tributária a cerca de 37,37% do PIB, um recorde histórico, travando brutalmente o desenvolvimento econômico.

Ao contrário do que proclamam alguns, a educação vai mal. O número de alunos não cresce nas universidades. O ensino básico continua uma calamidade. O presidente Lula, com seu autoritarismo, espírito centralizador e excesso de medidas provisórias, contribuiu para desmoralizar e desprestigiar o Congresso, e o Congresso desmoralizado se tornou presa fácil da corrupção.

A corrupção vem do Planalto, como assinala Alckmin: 'Mensalão é a submissão de um Poder a outro. É fácil bater em deputado, e tem de bater. Mas o deputado é só correia de transmissão. Todo o dinheiro sai do Executivo e sempre tem corruptor do lado de fora' (Estado, 25/8).

A política externa do atual governo, com seu terceiro-mundismo e sua obsessão antiamericana, é a política de Brancaleone, aquele comandante do exército de esfarrapados. Ridícula e improdutiva, capitaneada por duas figurinhas difíceis, Samuel Pinheiro Guimarães, o Talleyrand provinciano, e Marco Aurélio Garcia, o Maquiavel encabulado. Lula adora andar em más companhias, um demagogo perigosamente antidemocrata e megalomaníaco, Hugo Chávez, e aquele ditador decadente, Fidel Castro. Lula não tem perfil de estadista. O verdadeiro estadista dá sua marca criando o fato novo, aquele que divide a política em antes e depois dele - o Plano de Metas de JK, a recuperação da Guanabara por Carlos Lacerda, o Plano Real de FHC. Luiz Inácio não conta com nada parecido em seu currículo, após quatro anos de governo. A onda de corrupção que assola e devora o País em todos os níveis pode ser ou não da responsabilidade de Lula. Seja como for, seu nome ficará historicamente vinculado à mais gigantesca seqüência de escândalos que abalaram a política brasileira nos últimos anos.

Lula pode ser absolvido nas urnas, se ganhar a eleição, mas não será absolvido pela História. Em suma, não é possível votar para presidente da República num candidato que nunca leu um livro e se gaba da própria ignorância como se esta fosse um galardão e motivo de orgulho. Que péssimo exemplo para a juventude! Será possível levar este homem a sério quando ele fala na importância da educação? Com perdão daquele simpático professor da USP, colega da não tão simpática Marilena Chauí, votar em Lula significa aderir à turma do 'me engana que eu gosto'.

Sabias palavras de Gandhi

REcebido por mail em setembro de 2006
Autor: Mahatma Gandhi (não confirmado)

"Você já pensou porque o elefante, um animal enorme, fica preso a uma corda frágil que, com poucos esforços ele arrebentaria? Isso ocorre porque o homem usa um meio eficaz de submetê-lo, quando o elefante ainda é um bebê e desconhece a força que tem. Preso a uma corda, o bebê elefante tenta escapar. Faz esforços, se debate, se machuca, mas não consegue arrebentar as amarras”.

A cena se repete por alguns anos. As tentativas de libertar-se são inúteis. O elefante desiste. Vencido pelas amarras, ele acredita que todos os seus esforços serão inúteis, para sempre. Assim é que, depois de adulto, o gigante fica preso a uma fina corda que ele poderia romper com esforços insignificantes.

Fazendo um paralelo com o ser humano, poderíamos fazer a mesma pergunta: porque um ser tão grandioso, potencialmente criado para a perfeição e a felicidade, se deixa vencer por amarras tão sutis e sem fundamento?

São cordas invisíveis que vão imobilizando um gigante e, por fim, ele se conforma e se submete, sem questionamentos. Essas cordas podem ser facilmente percebidas, basta um olhar mais atento.

A idéia de que o homem foi criado para o sexo e não o sexo para o homem, insuflada desde a mais tenra idade, faz com que o adolescente se deprave, se prostitua e se infelicite.O adulto, acostumado com essa amarra invisível, se reduza a um escravo sexual, infeliz e exausto, quando poderia usar as potencialidades sexuais para a vida e para o amor, consolidando uniões maduras e baseadas no sentimento.

A sutileza das chamadas para o vício, propositalmente exibidas em cenas de programas e comerciais, cujo maior público é de menores de idade, gera uma potente amarra para o jovem que, para ser aceito pelo grupo se embrenha em cipoais de difícil saída.A sensualidade mostrada em larga escala como o "supra sumo" cria clichês de protótipos perfeitos e fisicamente bem esculpidos, infelicitando aqueles que não atendem a tais pré-requisitos.

O culto exagerado ao dinheiro, ao ter, ao status, em detrimento do ser, do desenvolvimento das potencialidades intrínsecas do ser, gera amarras que paralisam muitas criaturas. Umas porque se tornam escravas do que não possuem e gostariam de possuir, outras subjugadas pelos bens que amealharam e querem reter a qualquer custo.

As amarras são tantas e tão sutis que geram uma paralisia generalizada, submetendo uma gama enorme de gigantes que desconhecem suas potencialidades e seu objetivo na face da terra. Ao invés de buscar as estrelas, herança natural dos filhos de Deus, se voltam para o ilusório, para o fútil, para os falsos valores. Criados para a eternidade, esses gigantes se conformam com as aparências, com o transitório, com a roupa que irão vestir, com o que os outros pensam a seu respeito.

Pessoas de bem se deixam tombar nas trevas da ignorância, da desdita, do desespero.Vale a pena meditar sobre isso e buscar identificar essas tantas cordas invisíveis que nos impedem de alçar vôo. O vôo rumo à liberdade definitiva, rumo às paragens sublimes que aguardam esses gigantes em marcha para a perfeição.

Cada um de nós é um ser especialNosso destino nos pertence. Não nos permitamos prender pelas cordas invisíveis que outras mentes desejam nos impor. Nós temos um sol interior e nossa força é muito maior do que possamos imaginar.

Sabias Palavras (veja só...) de Antonio Ermirio de Moraes

Recebido por mail em setembro de 2006
Autor: Antonio Ermirio de Moraes (não confirmado)

" Nestes tempos de eleições, o Brasil é pintado de rosa pela situação e de preto pela oposição. Isso é próprio de qualquer campanha eleitoral. No meio do tiroteio, o povo fica perdido, recebendo informações manipuladas, todas aparentando verdades. Nesse ambiente, há pouco espaço para análises objetivas.

Por isso, antes que comece o massacre das mensagens no rádio e na televisão, alinho alguns dados objetivos que, no meu entender, registram os principais problemas do Brasil de hoje.

1.. No período de 1996 a 2005, a economia mundial cresceu 3,8% ao ano; o Brasil cresceu 2,2%.

2.. Nesse ritmo, o mundo dobrará a renda per capita em 30 anos; o Brasil levará cem anos.

3.. Entre 1995 e 2004, os países emergentes investiram cerca de 30% do PIB em atividades produtivas; o Brasil investiu 19%.

4.. O investimento público, que estava em 4% do PIB em 1970 - já irrisório! - caiu para 0,5% em 2005.

5.. Nesse período, a carga tributária quase dobrou, chegando perto de 40% do PIB.

6.. Para crescer 3,5% ao ano, os investimentos em energia elétrica, petróleo, gás, telecomunicações e transporte teriam de ser de, no mínimo, US$ 27 bilhões por ano, enquanto, na realidade, não passam de US$ 14 bilhões.

7.. Dentre os 127 países estudados pelo "Program for International Student Assessement"(Pisa), o desempenho dos alunos brasileiros está em último lugar em matemática e penúltimo em ciências.

8.. Em pleno século 21, temos 16 milhões de analfabetos e, entre os que sabem ler, mais de 50% não entendem o que lêem. Vários desses dados fazem parte de um artigo publicado na "Revista Indústria Brasileira" em abril de 2006, cujo título já diz tudo: "Sem crescer, não há saída".

O mínimo que se espera é que os candidatos ataquem essas questões de frente, dizendo claramente o que farão para inverter o quadro atual. Isso faz parte da educação dos cidadãos e da construção da democracia. Há tempos, Roger Douglas, ex-ministro da Fazenda da Nova Zelândia, contou-me que, no seu país, toda vez que um candidato diz na televisão o que vai fazer sem dizer o "como", o seu adversário, no dia seguinte, ocupa o seu espaço na mesma televisão, para desmascarar as promessas vazias. Desde que esse sistema foi implantado, narrou Douglas, a demagogia diminuiu bastante e o povo votou mais consciente. Os problemas estão aí. Cabe aos candidatos dizer "como" resolvê-los. Não seria uma boa idéia para praticar no Brasil?

Sabias palavras de Boris Casoy

Boris Casoy - Folha de S. Paulo - 28/03/06


Jamais o Brasil assistiu a tamanho descalabro de um governo. Quem se der ao trabalho de esmiuçar a história do país certamente constatará que nada semelhante avia ocorrido até a gestão do atual ocupante do Palácio do Planalto. Há, desde o tempo do Brasil Colônia, um sem
número de episódios graves de corrupção e de incompetência. Mas o nível alcançado pelo governo Lula é insuperável. Não se trata de um ou de alguns focos de corrupção. Vai muito além.

Exibe notável desprezo pelas liberdades e pela democracia. Manipula a máquina administrativa a seu bel-prazer, de modo a colocar o Estado a favor de sua inesgotável sanha de poder. Um exemplo mais recente é a ação grotesca contra um simples caseiro, transformado em investigado por dizer a verdade depois de ser submetido a uma ação de provocar náuseas em qualquer stalinista.

Não se investiga o ministro Palocci, acusado de freqüentar um bunker destinado a operar negócios escusos em Brasília e de ter mentido a respeito ao Congresso. Tenta-se, a qualquer preço, desqualificar a testemunha para encobrir o óbvio. E o desespero da empreitada conduziu a uma canhestra operação que agora o governo pretende encobrir, inclusive intimidando o caseiro.

Do presidente da República, sob a escusa pueril de dever muito a Palocci (talvez pela conquista do troféu dos juros mais altos do mundo e pelo crescimento ridículo do PIB),só se ouve a defesa pífia dos que não conseguem dissimular a culpa. A única providência das autoridades federais foi um simulacro de investigação, com a cumplicidade da Caixa Econômica Federal. Todos os limites foram ultrapassados; não há como o Congresso postergar um processo de impeachment contra Lula, ou melhor, a favor do Brasil.

O argumento para não afastar Lula, de que sua gestão vive os últimos meses, é um auto engano! A proximidade das eleições faz com que o governo use e abuse ainda mais do poder. Desde o início, este governo é envolvido na compra de consciências, na lubrificação da alma de órgãos de comunicação por meio de gigantescas verbas publicitárias e de perseguir os que lhe negam aplauso.

Outro argumento usado para não afastar Luiz Inácio Lula da Silva é a sua biografia, a saga do trabalhador, do sindicalista que chegou a presidente. Ora, aquele metalúrgico já não existe há muito tempo. Sua legenda enferrujou. Foi tragado por sua verdadeira figura, submetido a uma metamorfose às avessas.

As razões legais para o processo de impeachment gritam no artigo 85 da Constituição, que versa sobre os crimes de responsabilidade do presidente. Basta ler os seguintes motivos constantes da Carta Magna para que o Congresso promova o processo de impeachment de Lula: atentar contra o livre exercício do Poder Legislativo, contra o livre exercício dos direitos individuais ou contra a probidade da administração.

Seguem alguns exemplos ilustrativos:

- No "mensalão", fato que Lula tentou transformar em um pecadilho cultural da política brasileira, reside um grave atentado contra o livre funcionamento do Congresso. A compra de consciências não só interferiu na vida do Poder Legislativo como também demonstrou a disposição petista de romper a barreira entre a democracia e o autoritarismo, utilizando a máxima de que os fins justificam os meios.

- Jamais as instituições bancárias estatais foram tão agredidas. O Banco do Brasil teve seu dinheiro colocado a serviço de interesse escusos; a Caixa Econômica Federal também, demonstrando que o sigilo bancário de seus depositantes foi posto à mercê da pilantragem
política.

- No escândalo dos Correios, mais que corrupção, foi posto a nu, além do assalto aos cofres públicos, um cuidadosamente urdido esquema de satrapias destinado a alimentar as ecessidades pecuniárias de participantes da mesma viagem. Como costuma acontecer nesses casos, o escândalo veio à tona na divisão do botim.

- Causa perplexidade, também, a maneira cínica com que o governo tenta se defender, usando todos os truques jurídicos para criar uma carapaça que evite investigações de suspeitas gravíssimas em torno do presidente do Sebrae, o generoso Paulo Okamotto, pródigo em cobrir
gastos do amigo Lula - sem que ele saiba. Aliás, ele nunca sabe de nada!!!

- Lula passará à história, além de tudo, como alguém que procurou amordaçar a imprensa com a tentativa da criação de um orwelliano "conselho" nacional de jornalismo e com uma legislação para o audiovisual, que tentou calar o Ministério Público pela Lei da Mordaça e que protagonizou uma pueril tentativa de expulsar do país um correspondente estrangeiro que lhe havia agredido a honra.

Neste momento grave, o Congresso Nacional não pode abdicar de suas responsabilidades,sob o perigo de passar à história como cúmplice do comprometimento irreversível do futuro do país. As determinantes legais invocadas para o processo de impeachment encontram, todas elas,
respaldo nos fatos.

Mas, infelizmente, na Constituição brasileira falta uma razão que bem melhor poderia resumir o que estamos assistindo: Lula seria o primeiro presidente a sofrer impeachment não apenas pela prática de crimes de responsabilidade, mas também pelo ímpar conjunto de sua obra.

Veja e ouça as sabias palavras de Alexandre Garcia

Até a Venus Platinada depende de que o povo esteja vivo, minimamente alimentado e com algum dinheiro no bolso para que seu negocio funcione. Se não acredita, veja o que, intencionalmente ou não, permitiu que saísse ao ar...

http://www.youtube.com/watch?v=tlOjTQs4nTA

Sejamos criticos mas não perdamos a auto-estima...

recebido por mail em agosto de 2006
Autor: desconhecido

"Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil. E realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos enegativos, mas no exterior eles maximizam ospositivos, enquanto no Brasil se maximizam osnegativos.

Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoramhorrores porque não há nada utomatizado. Só existeuma companhia telefônica e (pasmem!) se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado.

Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábitode enrolar o sanduíche em um guardanapo ou de lavar asmãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne. Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vendebatatas fritas enroladas em folhas de jornal e temfila na porta.

Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador. Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mauhumor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de "Como conquistar o Cliente".

Você sabe como as grandes potências fazem paradestruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a Bandeira Nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos. Temos uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de softwarea chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros atravésda língua Portuguesa.

Somos vítimas de vários crimesc ontra nossa pátria, crenças, cultura, língua etc... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temosmuitas razões para resgatar nossas raízes culturais.

Os dados são da Antropos Consulting:

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso nocombate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.

2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que estáparticipando do Projeto Genoma.

3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada amais solidária.

4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todasas regiões do Brasil, com resultados em menos de 24horas depois do início das apurações. O modelo chamou aatenção de uma das maiores potências mundiais: osEstados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocandoem xeque a credibilidade do processo.

5. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os Internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado naAmérica Latina.

6. No Brasil, temos 14 fábricas de veículos instaladase outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.

7. Das crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos, 97,3%estão estudando.

8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações acada mês.

9. Na telefonia fixa, nosso país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.

10. Das empresas brasileiras, 6.89% Possuem certificadode qualidade ISSO 9000, maior número entre os paísesem desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e265 na Argentina.

11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos ehelicópteros executivos.

Por que temos esse vício de só falar mal do nosso Brasil?

1. Por que não nos orgulhamos em dizer que nossomercado editorial de livros é maior do que o da Itália,com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

2. Que temos o mais moderno sistema bancáriodo planeta?

3. Que nossas agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

4. Por que não falamos que somos o país maisempreendedor do mundo e que mais de 70% dosbrasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável partede seu tempo em trabalhos voluntários?

5. Por que não dizemos que somos hoje a terceiramaior democracia do mundo?

6. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

7. Por que não nos lembramos que o povo brasileiro éum povo hospitaleiro que se esforça para falar alíngua dos turistas, gesticula e não mede esforços paraatendê-los bem?

8. Por que não nos orgulhamos de ser um povo que faz piada das próprias adversidades e que enfrenta os desgostos sorrindo e com esperanca.

É! O Brasil é um país abençoado de fato.Deus diz na sua palavra "Bendita a nacão cujo Deus é o SENHOR"hoje temos no nosso Brasil, a felicidade de saber que o nosso povo está com sede de Deus. Bendito este povo, que tem o poder de unirtodas as raças e culturas. Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques. Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente. Bendita seja, querida pátria chamada Brasil!

(Comentario: ufanismos, messianismos e dados pouco comprováveis aparte, este mail traz uma reflexão correta: não devemos ser maniaco-depressivos bipolares. Temos coisas boas e ruins no Brasil. Talvez seja o momento de fazer com que as boas prevaleçam sobre as ruins...)

Semelhanças impressionantes

Recebido por mail em agosto de 2006
Autor: desconhecido

Diamantina, interior de Minas, 1914.
O jovem Juscelino Kubitschek, de 12 anos, ganha seu primeiro par de sapato. Passou fome.
Jurou estudar e ser alguém. Com inúmeras dificuldades, concluiu Medicina e se especializou em Paris. Como presidente, modernizou o Brasil. Legou um rol impressionante de obras; humilde e obstinado, era e ainda é querido por todos até hoje.

Brasília, 2003.
Lula assume a presidência. Arrogante, se vangloria de não ter estudado. Acha bobagem falar inglês. "Tenho diploma da vida", afirma. E para ele basta. Meses depois, diz que ler é um hábito chato. Quando era sindicalista, percebeu que poderia ganhar sem estudar, e sem trabalhar, sua meta até hoje, ao que parece. Exemplo para estudantes e trabalhadores...

Londres, 1940.
Os bombardeios são diários, e uma invasão aeronaval nazista é iminente. O primeiro-ministro W. Churchill pede ao rei George VI que vá para o Canadá. Tranqüilo, o rei avisa que não vai. Churchill insiste: então que, ao menos, vá a rainha com as filhas. Elas não aceitam e a filha mais velha entra no exército britânico; como tenente-enfermeira, sua função é recolher feridos em meio aos bombardeios. Hoje ela é a rainha Elizabeth II.

Brasília, 2005.
A primeira-dama Marisa Letícia requer cidadania italiana - e consegue. Explica, ingenuamente, que quer "um futuro melhor para seus filhos...".

Washington, 1974.
A imprensa americana descobre que o presidente Richard Nixon está envolvido até o pescoço no caso Watergate. Ele nega, mas jornais e Congresso o encostam contra a parede, e ele acaba confessando. Renuncia nesse mesmo ano, pedindo desculpas ao povo.

Brasília, 2005.
Flagrado no maior escândalo de corrupção da história do País, e tentando disfarçar o desvio de dinheiro público em caixa 2, Lula é instado a se explicar. Ante as muitas provas, Lula repete o "eu não sabia de nada!", e ainda acusa a imprensa de persegui-lo, posando como vítima. Disse que foi "traído...", mas não conta por quem.

Londres, 2001.
O filho mais velho do primeiro-ministro Tony Blair é detido, embriagado, pela polícia. Sem saber quem ele é, avisam que vão ligar para seu pai buscá-lo. Com medo de envolver o pai num escândalo, o adolescente dá um nome falso. A polícia descobre e chama Blair, que vai sozinho à delegacia buscar o filho, numa madrugada chuvosa. Pediu desculpas ao povo pelos erros do filho.

Brasília, 2005.
O filho mais velho de Lula, o Fábio Luis Lula da Silva, é descoberto recebendo R$ 5 milhões de uma empresa financiada com dinheiro público. Alega que recebeu a fortuna vendendo sua empresa Gamecorp, de fundo de quintal, que não valia nem um décimo disso. O pai, raivoso, o defende e diz que não admite que envolvam seu filhinho mimado nessa "sujeira". Qual sujeira?

Nova Délhi, 2003.
O primeiro-ministro indiano pretende comprar um avião novo para suas viagens. Adquire um excelente, brasileiríssimo EMB 195, da Embraer, por US$ 10 milhões.

Brasília, 2003.
Lula quer um avião novo para a presidência. Fabricado no Brasil não serve. Gasta
US$ 57 milhões e manda decorar a aeronave de luxo nos EUA.

Sabias palavras anarquistas

Do anarquista russo do século 19, Mikhail Bakunin (1814-1876):

"Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso, não conhece a natureza humana."

Skidmore comentado

Comentarios à Revista Amanhã- Edição 217 -Janeiro/Fevereiro de 2006 - Entrevista ao brasilianista Thomas Skidmore:

Genial a lucidez deste Skidmore. É interessante a capacidade de análise que a isenção da distancia dá. O diagnóstico dele é, na minha opinião, muito acertado. Só faltou agregar que Lula, por inocente ou por conivente, abriu espaço para um projeto político arraigadamente corrupto. Políticos de origens burguesas podem financiar-se da corrupção privada e entregar em troca atos e contratos de governo. o PT, antagônico à maioria do empresariado, teve que mamar desbragadamente e diretamente nas tetas dos governos, primeiro municipais e depois federal, para lutar "de igual para igual" com as demais forcas políticas. Atos inocentes como receber jipes importados demonstram a imaturidade da maquina de corrupção do PT. São todos igualmente podres, mas o PT fez um grande favor ao Brasil. Escrachou a corrupção aos olhos de todos, fez com que os eleitores brasileiros reflitam sobre o real peso de seus votos, e sobre a grande pergunta: Se o PT é o primeiro governo do povo, isso quer dizer somos todos iguais?

Agora a oposição tem uma tarefa muito delicada: lidar com este novo paradigma do nível de tolerância do povo à corrupção, e ao mesmo tempo bater no governo PT na medida certa. Se bater demais, cai o governo e será trágico para o Brasil. Se bater de menos, lula se reelege extremamente fraco e só, e será ainda mais trágico para o Brasil viver outros 4 anos das orgias de "novos -corruptos" e oportunistas. Lula queimou todos seus cartuchos e alguns mais no primeiro mandato. Serão 4 anos de desgoverno e loucura que podem nem chegar no final.

A oposição vai ter que atuar de forma muito precisa: fazê-lo chegar moribundo ao fim do ano, mas sem morrer. Espero que sejam capazes para o bem de todos, inclusive do próprio Lula, que se transformou num prisioneiro do navio que aparentemente capitaneou. Na realidade é só um boneco de palha amarrado ao leme. Mas os chacais que realmente levavam o barco estão morrendo todos, por doentes, por devorar-se entre eles. E Lula está lá, só em um barco-fantasma à deriva.

Sorte aos passageiros, todos nos.

Thomas Skidmore

Entrevista do brasilianista Thomas Skidmore à Revista Amanhã - Edição 217 - Janeiro/Fevereiro de 2006

O brasilianista Thomas Skidmore compara o presidente Lula a Jânio Quadros e Collor
("eram todos loucos") e garante: só uma profunda reforma política será capaz de livrar o país das maluquices das urnas

Por Marcos Graciani

Já se vão 37 anos desde que Thomas Skidmore começou a estudar o Brasil. Natural de Ohio, nos Estados Unidos, Skidmore migrou para o calor do Rio de Janeiro no início dos anos 60 e, logo depois do golpe militar, lançou seu primeiro livro: Politics in Brazil 1930-1964: An Experiment in Democracy. A obra se tornou um clássico entre os "brasilianistas" - como são conhecidos os estrangeiros que estudam o Brasil. Hoje, aos 73 anos, ele dirige o Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brown, nas proximidades de Boston. Se o conhecimento acumulado na carreira foi suficiente para entender o país? "Só às vezes", responde ele, rindo. "Aí o Brasil elege um louco e não se entende mais nada", arremata nesta entrevista concedida a AMANHÃ.

Revista Amanhã - Na posição de quem já estudou exaustivamente a história político-econômica do Brasil, suas crises e seus presidentes, como o senhor avalia o desempenho do presidente Lula?

Thomas Skidmore - Eu acho que na comparação com os outros presidentes, Lula é uma tragédia. Ele deixou a impressão de que a corrupção penetra em todas as instâncias do governo. Simplesmente abalou a legitimidade do Planalto perante o público. É uma pena. Lula começou com muitas idéias boas e com muito apoio popular. Mas sua base de governo acabou buscando o caminho errado para comandar a selva do Congresso: a propina. Talvez ele ache que isso tenha sido feito por todos os presidentes, e é bem possível que esteja certo. O problema é que coisas como o "mensalão" vieram à tona na gestão dele, e não nas anteriores.

RA - A corrupção é uma parte indissociável da política brasileira?

TS - É difícil de dizer. Por definição, a corrupção ocorre em segredo. Você não pode chegar para um deputado e simplesmente perguntar o quanto ele recebe de propina. Há apenas uma especulação. Particularmente, acho que sempre houve corrupção em todas as democracias, sim. E também em todos os sistemas autoritários. Os analistas, muitas vezes, tentam falar em percentuais de políticos corruptos. Falam em 10%, 20%... No caso do PT, a questão da corrupção foi com o Congresso. E isso é interessante: não foi só com empresários ou homens de negócios, tal como na era de Juscelino Kubitschek.

RA - Como assim? O que ocorria no tempo de JK?

TS - Era o tipo de gatunagem típica entre o setor público e privado. "Ah, você vai me apoiar na política? Então vou te arrumar um serviço no governo federal depois." Isso foi muito comum naquela época. Muitas pessoas ganharam lugar no governo por influência de políticos e apadrinhados. E isso, ainda hoje, é comum em todos os governos. Mas é impossível medir o tamanho - depende das confabulações e dos contextos. No caso de Lula, porém, a reação à descoberta do problema foi muito pior. Ele se dizia uma virgem, e uma virgem que peca sempre causa mais polêmica do que um pecador.No ano passado, dizendo-se incompreendido, Lula se comparou a Getúlio Vargas, JK e Jango. Em que pontos a situação de Lula pode ser comparada à desses presidentes?Não vejo nenhuma comparação. Vargas, por exemplo, nunca perdeu o sentido de seu trabalho. Pelo contrário, estava sempre no controle. Juscelino Kubitschek também foi um político de muita desenvoltura, apesar dos pesares. Podemos é comparar Lula com Collor, pelo menos no que diz respeito à loucura. Collor era um louco. No governo, viveu uma fantasia, perdeu o controle e também tentou negar a realidade. Outro louco foi o Jânio Quadros. Ao longo da gestão, ele perdeu o senso de direção. Nem mesmo um psiquiatra seria capaz de explicar os acontecimentos que marcaram o fim do governo Jânio e o esfacelamento de sua capacidade de liderança. No caso do Lula, portanto, eu prefiriria compará-lo a Collor e Jânio Quadros. O resto não tem comparação.

RA - Não parece injusto comparar a situação de Lula com a de Collor? Afinal, Collor teve seu impeachment pedido em coro nacional...

TS - O caso de Lula, na verdade, é ainda mais complicado do que o de Collor e Jânio. Lula é um coitado. Está desnorteado, não entende o ambiente onde se meteu. Ele é ingênuo. Os outros pelo menos sabiam o que estava acontecendo.

RA - Analisando o Brasil desde a restauração da democracia, em que ponto o senhor diria que o sistema eleitoral falhou?

TS - Depois desse escândalo do governo do PT, eu diria que o sistema presidencial como um todo se mostrou inviável para o Brasil. O país deveria repensar seu sistema político desde os fundamentos. Nada menos do que quatro presidentes brasileiros foram destituídos no período democrático: Getúlio Vargas, Jango, Jânio e depois Collor. E agora temos o Lula, que não chegou a ser destituído, mas que praticamente perdeu a capacidade de governar. Isso mostra que há algo errado no sistema presidencial brasileiro. Talvez a solução seja o Parlamentarismo, não sei. Mas é necessário repensar o sistema brasileiro pela base, pois ele não está funcionando bem.

RA - O senhor já disse que o Brasil deveria resgatar os ideais de desenvolvimento dos anos 60 - um período em que as eleições foram deixadas de lado. Na sua opinião, o país esgotou as chances de eleger democraticamente um presidente capaz de garantir um crescimento como o daquela época?

TS - A grande questão é que o eleitor brasileiro ainda dá chance a "salvadores da pátria". Seria preciso um exército de anjos para que isso desse certo. Espero que o Brasil esteja imunizado contra salvadores da pátria, apesar do momento difícil pelo qual passa. O que o país mais precisa é de um homem majoritário que tenha a capacidade de ser um líder."O presidencialismo não serve para o Brasil: nada menos que quatro presidentes foram destituídos. Lula ainda não foi, mas já perdeu a capacidade de governar"

RA - Na sua visão, Lula tem condições de ser esse homem numa eventual reeleição?

TS - Não. Lula ficou anestesiado ante a crise. Perdeu o controle das emoções, e até defendeu a mãe em seus discursos. Esse negócio de defender a mãe é um sinal típico do político que não sabe o que fazer. Eu acho que o Lula ficou desnorteado em Brasília. Ele fica lá, rodeado de conselheiros e, quando pode, se distrai com a idéia de viajar, de receber presidentes de outros países. Ele não tem a tranqüilidade de um político experiente nesses protocolos. Infelizmente, parece que o Lula não teve a capacidade de manter o balanço mental em uma situação que o deixava confuso. Na minha opinião, o Brasil está assistindo, praticamente,à desintegração de um homem.

Cartas de Brasilia

Ai, ai, ai...

Jueves, 13 de Noviembre de 2003
De: Cnobre
Para: AS

Li isso e não pude deixar de te mandar. É o editorial do Estado de hoje e reforça o que escrevi antes. A semente plantada pelo trabalho do qual você participou tem que estar germinando:

"Assim como se disse do discurso em que defendeu a integração militar da América do Sul, pode-se dizer do desabafo do ministro da Casa Civil, José Dirceu, sobre a sua cansativa luta contra as deficiências da máquina estatal, que mistura coisas verdadeiras com outras nem tanto.

De um lado, a constatação de que o governo tem burocracia demais e eficiência de menos, o que exige "trabalhar cada vez mais para reformar o Estado". De outro, a frase: "Precisamos lembrar como encontramos a administração pública do Brasil." A afirmação é duplamente contestável. Primeiro, porque sugere ter sido um descalabro a gestão do governo anterior. Isso é falso. Embora a modernização do aparelho federal tenha ficado aquém do que pretendia o presidente Fernando Henrique – até em razão das resistências corporativas estimuladas pelo PT –, ele não só tinha uma visão do problema mais avançada do que a do seu sucessor, como ainda lhe entregou um Estado menos arcaico do que recebera. Segundo, porque, qualquer que fosse a situação que o novo governo encontrou, quase sempre conseguiu piorá-la, antes de mais nada devido à sua obsessão em reinventar a roda.

O corpanzil burocrático tornou-se ainda mais volumoso, com a proliferação de ministérios e secretarias inventados para mostrar "vontade política" de resolver problemas e, sobretudo, acomodar companheiros malsucedidos nas urnas. Diversos destes se revelaram tão incompetentes para administrar os seus setores quanto haviam sido para conquistar o eleitor. Com atribuições não raro redundantes, resultado inevitável da hipertrofia do corpo burocrático, ficaram batendo cabeça e tentando passar rasteiras uns nos outros. Além de transformar o Executivo em um espécime pesado em excesso para se mover e trapalhão em excesso para achar o bom caminho, os recém-chegados promoveram o maior entra- e-sai nos níveis superiores e médios do aparato federal pelo menos desde o fim do regime militar, em 1985. Foi a apoteose do aparelhamento – a premiação daqueles cuja credencial mais luzidia é a carteirinha partidária, com o afastamento de administradores capacitados e experientes em navegar pela burocracia.

No Brasil nunca faltaram governos marcados pelo nepotismo – hoje mesmo, o do Paraná de Roberto Requião é um escândalo. Já a marca do governo Lula é a do "nepetismo", a distribuição da massa disponível de cargos de confiança entre os quadros do PT e das siglas aliadas, com as conseqüências que se viu, por exemplo, no desfiguramento do outrora modelar Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro.

Outra característica que deve contribuir para o cansaço do ministro Dirceu é a baixa qualidade do processo decisório. O verdadeiro parto que foi o projeto sobre os transgênicos enviado semanas atrás ao Congresso e os graves defeitos congênitos do texto enfim dado à luz são apenas um tropeço entre muitos de um governo que lida mal com as próprias pernas. Mesmo quando um ministro ou o presidente identificam corretamente um problema a resolver, a forma de fazê-lo lembra muitas vezes a proverbial emenda pior que o soneto. Nesse sentido, a suspensão da aposentadoria aos jubilados com mais de 90 anos, enquanto não se recadastrassem, é um caso de manual. O Ministério da Previdência sabe que paga benefícios a pessoas já falecidas e quer acabar com essa fraude. Pois bem. De todas as formas concebíveis de enfrentar a questão, adotou a mais primitiva, com o típico vezo autoritário dos poderosos de turno de não parar para pensar no que o seu imaginário ovo de Colombo representaria para as pessoas de carne e osso.

O presidente Lula acaba de fazer a sua parte nessa seqüência de equívocos. O Congresso havia aprovado – com parecer favorável do Ministério da Educação – o repasse de recursos do Fundo para o Desenvolvimento e Manutenção do Ensino Fundamental (Fundef) para instituições de ensino sem fins lucrativos que acolham alunos portadores de deficiência. Isso contraria pela base a emenda constitucional que criou o Fundef, exclusivo para a rede pública. Pois bem. Por não ter oferecido outra alternativa durante a tramitação da matéria, só restou ao presidente vetar a lei. Mas o fez de supetão – o ato caiu no Legislativo como um raio em céu azul – e, o que é pior, sob o antipático argumento de que a iniciativa comprometeria o ajuste fiscal. Até parlamentares do PT reagiram com indignação. Armada a encrenca, só então o presidente se lembrou de cobrar do ministro da Educação uma fórmula para os alunos excepcionais. O governo Lula precisa de uma urgente revisão."

Refelxões sombrias.

21 de septiembre de 2006

Os últimos acontecimentos políticos envolvendo o PT com (mais) uma falcatrua me deixa algumas sensações claras:

1 – O Brasil está tendo a excelente oportunidade de se desenvolver e de aprender com os muitos erros cometidos num ato tão simples e importante como votar. Não acho que o PT seja pior do que muitos outros partidos. Simplesmente estava, e felizmente já não está, vestido com trajes de virgem imaculada, e isso foi suficiente para uma parcela importante do povo brasileiro. Faltou escola, arroz e feijão para perceber que era só um partido mais. Agora, felizmente, está ficando claro para cada vez mais gente que o PT não é mais do que é: uma agrupação que vendeu a alma ao diabo, teve que entregar, e agora está vazio de conteúdo, de idéias, de propostas. Passou a ser só uma casca vazia, onde se escondem as criaturas mas escabrosas, que vão se dedicar a fazer o que sabem melhor.

2 – Dias piores virão. O PT já era como organização política. Perdeu o rumo, o caráter e a compostura. Lamentavelmente tudo indica que o carisma pessoas de um só homem no partido vai ser suficiente para levá-lo ao Planalto por mais 4 anos. E o que vai acontecer então? Com quem vão se aliar? Qual vai ser sua base parlamentar? Provavelmente os mesmos anões, mensaleiros e sanguessugas de sempre. E aí o que vai acontecer? Mais do mesmo, mais falcatruas, mais roubalheiras, e nenhum passo adiante. Como aprovar uma reforma política que poderia diminuir a promiscuidade parlamentar, reduzir o numero de partidos e melhorar sua representatividade num congresso desses? Não vai haver estímulo ou vergonha na cara que bastem. E em 4 anos mais, quem sabe, vamos estar como em 1994. Se tivermos sorte.

3 – Dias piores virão II – Para conseguir seu propósito “reeleitoral”, a presidência lançou o seu “pacote de bondades” sem olhar para o saldo no banco. Afinal, o Brasil é um país rico. Tão rico como a Argentina quando deixou de pagar sua dívida externa. Agora, lançou um orçamento 2007 que é uma obra de ficção, e que, com a capacidade administrativa desse governo, não vai se cumprir. Vamos terminar 2007 com um rombo gigante nas contas publicas, o superávit primário vai se transformar numa mochila excessivamente pesada para carregar, e as tentações serão fortes. E em 4 anos mais, quem sabe, vamos estar como em 1994. Se tivermos sorte.

4 – Dias Piores virão III – Talvez o pior legado de la era Lula para o Brasil não seja a desordem generalizada que vai deixar na coisa pública, nem os rombos orçamentários, nem perder a oportunidade de crescer num panorama internacional excepcional. Para mim, o mais doloroso é ver a legitimação da malandragem, da falta de caráter e da patifaria. O PT urdiu um esquema eficiente de neutralização de entidades de classe que faz com que tudo pareça normal. Que ninguém está indignado. E o povo dos grotões do Brasil, que recebem a migalha mensal que não lhes ensina nada, vê o que ocorre, vê a nula reação coletiva, e começa a assimilar a mensagem: Para que estudar? Para que seguir o caminho correto e quase sempre mais duro? Para que ser honesto? Onde esto os caras pintadas? Um país está perdendo seu caráter, e isso e muito, muito grave. Choro pelo futuro desse país.

5 – E por quê? – Quando olhamos para esta palhaçada chamada governo, e para o público que, entre pasmo e ignorante nada faz, poderíamos perguntar-nos como chegamos a este ponto? Para mim, a resposta está clara: o PT cresceu no vácuo da oposição. Se a oposição fosse realmente melhor que o PT, não seria oposição. Na favela não tem policia nem governo e o tráfico ocupa seu espaço. Nas cadeias não tem policia nem governo e as facções criminosas ocupam seu espaço. Não são sintomas isolados, são pequenos fragmentos de uma realidade bem mais abrangente. Por décadas classes dirigentes pouco preparadas e com princípios questionáveis geraram o caldo de cultivo para que a semente do PT germinasse sem maiores questionamentos. Miséria, falta de escola, falta de perspectivas, falta de respeito transformaram uma enorme massa de brasileiros em votos que valem uma cesta básica mensal. O Brasil é muito, muito mais rico que isso, e o que sobra da conta das cestas básicas pode ser repartido entre os poucos habitantes dos palácios, públicos e privados.

Das cinzas a Fênix renascerá – Talvez...

Talvez o senso de autopreservação das classes “formadoras de opinião” seja suficientemente desenvolvido para perceber que é necessário, imprescindível, repartir um pouco melhor a torta, para diminuir o espaço de manobra de populistas e pelegos. É uma questão de sobrevivência para estas classes. Não se trata de vender seu automóvel popular para andar de ônibus. O buraco pode estar (muito) mais para cima do que as classes assalariadas, independentemente do tamanho do salário.

Talvez dê tempo de impedir que uma estrutura política corrupta e bem organizada surja no vazio do planalto, arraigando-se por lá, novos Chavez tropicais. Talvez não.

Sabias Palavras...

21 de seotiembre de 2006

"Um mar de lama escorre debaixo da porta dele, entra, ele pisa e pensa que é chocolate. Se ele é idiota, não pode ser presidente. E, se não é idiota, também não pode ser presidente".

Cesar Maia - 20 de setembro de 2006

Darwin tinha razão

14 de septiembre de 2006

Me chegou esta transcrição do discurso do Senador Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista /AM), no dia 30/08/2006. Muito interessante e contundente, e reforça uma teoria que tenho: o Darwinismo perverso da classe política nacional. No Brasil, um político só consegue subir se dançar conforme a música. Quem tem bons princípios normalmente não tem estômago para agüentar o meio.

Não conheço o Senador Peres, nem seu passado, nem suas ideologias. Pelo seu discurso, posso inferir que é alguém que, pelo menos, se indigna com o que está ocorrendo no Legislativo e no Executivo nacional. É mais do que a grande maioria do resto da classe política está sendo capaz de fazer, e só por isso, mereceu um pouco do meu respeito.

Pois bem, assim sendo, se autoexclui da vida política. Mais uma vitima da seleção natural. Quanto mais podre, mais â vontade em um ambiente podre. O que nos resta, pobres cidadãos? Talvez nada, talvez pressionar para que o ambiente político brasileiro se torne um pouco mais propicio à políticos responsáveis, para que eles posam subir degraus na administração ou legislatura pública. E no longo prazo, talvez, tenhamos uma classe política que não nos envergonhe tanto... Aí vai o discurso:

“O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, depois de longa ausência de algumas semanas, volto a esta tribuna para manifestar o meu desalento com a vida pública deste País. Gostaria de estar aqui discutindo, como fez o Senador José Jorge, a respeito das riquezas naturais do Brasil, com as quais ele tanto se preocupa, e não como falarei, sobre algo muito pior: a dilapidação do capital ético deste País.

Senador José Jorge, poderíamos não ter um barril de petróleo nem um metro cúbico de gás, mas poderíamos ser uma das potências mundiais em termos de desenvolvimento. O Japão não tem nada. Não tem petróleo, gás ou riquezas minerais. A Coréia do Sul também não tem nada disso, Senador Antonio Carlos, e nos dá um banho em termos de desenvolvimento não apenas econômico, mas também humano.

O que está faltando mesmo ao Brasil e sempre faltou é uma elite dirigente com compromisso com a coisa pública, capaz de fazer neste País o que precisaria ser feito: investimento em capital humano. Vejam que País é este. Estamos aqui com seis Senadores em pleno mês de agosto, porque estamos em recesso branco. Por que não se reduz a campanha eleitoral a trinta dias e transfere-se o recesso de julho para setembro? Nós ficaríamos com o Congresso aberto, de Casa cheia, até 31 de agosto. Faríamos trinta dias de campanha em recesso oficial, remunerado.

Estamos aqui no faz-de-conta. Como disse o Ministro Marco Aurélio, este é o País do faz-de-conta. Estamos fingindo que fazemos uma sessão do Senado, estamos em casa sem trabalhar. Estou em Manaus há quase um mês, recebendo, sem fazer nada - para o Congresso Nacional, pelo menos. Como se ter animação em um País como este com um Presidente que, até poucos meses atrás, era sabidamente - como o é - um Presidente conivente com um dos piores escândalos de corrupção que já aconteceu no Brasil, e este Presidente está marchando para ser eleito, talvez, em primeiro turno? É desinformação da população? Não, não é. Se fizermos uma enquete em qualquer lugar deste País, todos concordarão, ou a grande maioria, que o Presidente sabia de tudo. Então, votam nele sabendo que ele sabia. A crise ética não é só da classe política, não, parece que ela atinge grande parte da sociedade brasileira. Ele vai voltar porque o povo quer que ele volte. Democracia é isso. Curvo-me à vontade popular, mas inconformado. Esta será uma das eleições mais decepcionantes da minha vida. É a declaração pública, solene, histórica do povo brasileiro de que desvios éticos por parte de governantes não têm mais importância. Isso vem até da classe dos intelectuais, dos artistas. Que episódio deplorável aquele que aconteceu no Rio de Janeiro semana passada! Artistas, numa manifestação de solidariedade ao Presidente, com declarações cínicas, desavergonhadas, Senador Antonio Carlos Magalhães! Um compositor dizer que "política é isso mesmo, fez o que deveria fazer", o outro dizer que "política é meter a mão na 'm'"! Um artista, em qualquer país do mundo, é a consciência crítica de uma nação. Aqui é essa, é isso que é a classe artística brasileira, pelo menos uma grande parte dela, é o povo conivente com isso.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - E pagos pela Petrobras.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - E pior, pior ainda: os artistas estão fazendo isso em interesse próprio, porque recebem de empresas públicas contratos milionários - isso é a putrefação moral deste País -, e o povo vai reconduzir o Presidente porque "política é isso mesmo".

Tenho quatro anos de Senado. Não me candidatarei em 2010, não quero mais viver a vida pública. Vou cumprir o mandato que o povo do Amazonas me deu, não vou silenciar. Ele pode ser eleito com 99,9%. Eu estarei aí na tribuna dizendo que ele deveria ter sido mesmo destituído porque o que ele fez é muito grave. É muito grave. Curvo-me à vontade popular, mas não sem o sentimento de profunda indignação. A classe política, nem se fala, essa já apodreceu há muito tempo mesmo. Este Congresso que está aqui, desculpem-me a franqueza, é o pior de que já participei. É a pior legislatura da qual já participei, Senador Antonio Carlos Magalhães. Nunca vi um Congresso tão medíocre. Claro, com uma minoria ilustre, respeitável, a quem cumprimento. Mas uma maioria, infelizmente, tão medíocre, com nível intelectual e moral tão baixo, eu nunca vi. O que se pode esperar disso aí? Não sei. Eu não vou mais perder o meu tempo. Vou continuar protestando sempre, cumprindo o meu dever. Não teria justificativa dizer que não vou fazer mais nada. Vou cumprir rigorosamente o meu dever neste Senado até o último dia de mandato, mas para cá não quero mais voltar, não!

Um País que tem um Congresso deste, que tem uma classe política dessa, que tem um povo... Senador Antonio Carlos Magalhães, dizem que político não deve falar mal do povo. Eu falo, eu falo. Parte da população compactua com isso. É lamentável! E que sabe. Não é por desinformação, não. E que não é só o povão, não. É parte da elite, inclusive intelectual. Compactuam com isso é porque são iguais, se não piores. Vou continuar nessa vida pública? Para que, Senador Antonio Carlos Magalhães? Eu louvo V. Exª, que é um pouco mais velho do que eu e vai continuar ainda. Mas, para mim, chega! Vou continuar pelejando pelos jornais e por todos os meios possíveis, mas, como ator na vida política e na vida pública deste País, depois de 2010, não quero mais! Elejam quem vocês quiserem! Podem chamar até o Fernandinho Beira-Mar e fazê-lo Presidente da República - ele não vai com o meu voto, mas, se quiserem, façam-no.

O meu desalento é profundo. Deixo isso registrado nos Anais do Senado Federal. Infelizmente, eu gostaria de estar fazendo outro tipo de pronunciamento, mas falo o que penso, perdendo ou não votos - pouco me importa. Aliás, eu não quero mais votos mesmo, pois estou encerrando a minha vida pública daqui a quatro anos, profundamente desencantado com ela. Muito obrigado, Sr. Presidente.”

(nota atualiazada em julio de 2007: Será que vai mesmo desistir? Vejamos em 2010...)

O TSE e o Avestruz

13 de septiembre de 2003

Por Marcos Nobre, professor de filosofia política da Unicamp e pesquisador do Cebrap

EM UMA CAMPANHA eleitoral que fala de tudo menos do que realmente importa, a novidade ficou por conta das diversas campanhas pelo voto nulo. Não importa quantos serão os votos nulos em 1º de outubro: os "nulistas" foram os únicos a conseguir chacoalhar o panorama modorrento das eleições.

A resposta institucional tem sido até agora a mais antidemocrática possível. O ministro Marco Aurélio de Mello, por exemplo, afirmou que "voto nulo é um erro. É o avestruz que enfia a cabeça no buraco durante a tempestade". Ao desqualificar uma posição legítima no debate democrático, o ministro não percebe que os movimentos pelo voto nulo são uma resposta às atitudes de avestruz de instituições como a que ele preside.

O "nulismo" é uma resposta desesperada a um sistema político cego aos problemas que tem de enfrentar e não enfrenta. O desespero do voto nulo e a cegueira das instituições são dois lados da mesma moeda. Um não existe sem o outro. Para desfazer esse abraço de afogados é preciso mais democracia, nunca menos. É preciso que a posição dos que pretendem anular o voto seja aceita como legítima e debatida a sério. E é preciso também que os "nulistas" se disponham efetivamente a debater. Mais democracia exige, por exemplo, que o ministro Marco Aurélio de Mello e o TSE parem de fazer campanha contra o voto nulo. Não cabe à Justiça Eleitoral estabelecer de antemão os limites da discussão pública entre os cidadãos. Aliás, não foi apenas no caso do voto nulo que a Justiça Eleitoral exorbitou suas funções. A propaganda institucional carrega concepções lamentáveis do que seja democracia. Ao dizer que o eleitor é o "patrão", iguala a política ao mercado, como se eleições se destinassem a produzir contratos de trabalho, como se a democracia fosse um problema de oferta e demanda de servidores públicos.

O que o "nulismo" ataca é justamente a base da propaganda desastrada da Justiça Eleitoral: a idéia de que "o Brasil está nas suas mãos". É esse o real problema: parcela significativa da população tem certeza de que o Brasil não está nas suas mãos. E o sistema político tem sido até agora incapaz de dar resposta a esse desafio que o "nulismo" explicita, mas que vai além dele. Mas também os "nulistas" têm se acomodado numa posição de mera recusa. Transformaram a cegueira institucional em razão suficiente para sua opção política nessas eleições. Quando muito, falam abstratamente em nome de uma democracia perfeita que lhes é negada, sem explicar por que e como anular o voto permitiria melhorar as instituições existentes. Também assim o debate se torna impossível. Enquanto a única contrapartida da cegueira institucional for o desespero, a democracia não avança, e a política fica rala.

Mea culpa tardia

08 deseptiembre de 2006

Fernando Henrique Cardoso tardiamente faz uma autocritica pela conivencia silenciosa do PSDB no inicio do escândalo do mensalão. Surpresa? Para mim, surpresa é que tenha demorado tanto. Telhado de vidro é um mal endêmico na politica brasileira e o PSDB não foge à regra, mas esperava-se mais de um partido nascido da indignação e do inconformismo com a "politica tradicional do fisiologismo". Nos últimos 20 anos o Brasil evoluiu muito em muitas áreas, mas involuiu impressionantemente na falta de ética e na tolerância nefasta à corrupção, na incapacidade de indignarse, graças ao PT em particular, e à classe politica em geral.


CARTA AOS ELEITORES DO PSDB

Por: Fernando Henrique Cardoso
08-09-2006


Atravessamos um momento paradoxal: de aparente desconexão entre o que é o sentimento da opinião pública e o discurso eleitoral rotineiro; de tanta desfaçatez dos que ocupam o poder e de tanta informação sobre a corrupção e os desmandos de quem deveria dar as pautas de comportamento pensando mais na Nação que em seus umbigos e nada mais faz do que se jactar de grandezas inexistentes.

Diante disso, resolvi me dirigir aos militantes, simpatizantes e eleitores do meu partido, e mesmo às pessoas de boa fé que olham a política com atenção, embora sem se envolver na vida partidária, para expor com franqueza algumas questões que me parecem essenciais para que o PSDB possa continuar a contribuir para uma mudança de mentalidades e de práticas no Brasil.

Para que não pairem dúvidas: é do Presidente e de seu partido (ou deveria dizer ex-partido?) que falo acima, pois são eles, inquestionavelmente, os responsáveis por deixar que os piores setores da política ocupem a cena principal, expondo o país às misérias a que todos assistimos indignados. E mais indignados ficamos quando vemos o Presidente e seus arautos passarem a mão na cabeça dos que "erraram" (como se eles próprios não fossem os culpados) com a desculpa de que "todos são iguais" ou, então, em versão mais sofisticada da mesma falta de vergonha, dizerem que "a culpa é do sistema".

Comecemos por aí. Há muita confusão no ar no trato das questões morais. Moral se refere a condutas individuais. Uma coisa é a discussão filosófica sobre a ética, os fins últimos ou o que seja. Outra é a responsabilidade moral: quem transgride as leis, os costumes, as práticas aceitas em uma comunidade, pode fazê-lo em nome do que seja, de um partido, um ideal, uma paixão. Responderá pela transgressão perante a comunidade e estará sujeito às penalidades do caso.

Pagar mensalão é crime e como crime deve ser tratado. Pagar mensalão para deputados, comprar seus votos, não é igual sequer a outra transgressão, a de não declarar dinheiro obtido para a campanha eleitoral, o "caixa dois". A razão é simples: no caso do caixa dois, a fonte do dinheiro usado geralmente é privada, embora nem sempre o seja, e o objetivo é ajudar algum candidato individual em sua eleição. O candidato e seus financiadores devem responder por essa ilicitude eleitoral. No caso do mensalão a fonte foi pública; é roubo do dinheiro do povo, ainda que empréstimos fictícios de bancos privados tenham sido usados para encobrir esse fato.

Os arrecadadores obedeciam a diretrizes de um partido, com a cumplicidade de partes da administração. A prática deu-se sob o olhar benevolente de ministros e mesmo com a cumplicidade de alguns deles (refiro-me à acusação do Procurador Geral da República). O próprio Presidente, que é responsável pelos ministros, não tendo atuado para demiti-los nem depois do fato sabido, é passível de crime de responsabilidade. E, mais do que simplesmente corromper pessoas, corrompeu-se uma instituição, o Congresso Nacional.

Isso não quer dizer que o sistema eleitoral vigente seja bom ou que não precise ser mudado. Entretanto, apenas culpar "o sistema" e escapar da responsabilidade pessoal é um sofisma que nada tem a ver com comportamento moral. São as pessoas, cada uma de acordo com sua participação no delito e de acordo com a gravidade de sua atuação individual, que devem responder pelas transgressões, e não qualquer idéia abstrata de "sistema". Este pode e deve ser mudado. Mas as pessoas que cometeram crimes precisam ser punidas. A impunidade, a postergação de decisões da Justiça sobre os presumivelmente culpados (vide o caso que deu origem a presente série de escândalos, o de Valdomiro Diniz) desmoraliza tudo, desanima a população e dá a impressão de que o povo é indiferente à corrupção. Não é indiferença, é descrença na punição.

Pois bem, nós do PSDB não fomos suficientemente firmes na denúncia política de todo esse descalabro no momento adequado. Não será agora, durante a campanha eleitoral, que conseguiremos despertar a população. Mas, para nos diferenciarmos da podridão reinante, temos a obrigação moral de não calar.

É verdade que também somos responsáveis pelo que hoje se vê: a cada dia mais corrupção; a cada dia, menor reação. Erramos no início, quando quisemos tapar o sol com a peneira no caso do senador Azeredo. Compreendo as razões: ele é pessoalmente decente; tudo se passou durante a campanha para sua reeleição como governador, que afinal ele perdeu. Mesmo assim, calamos muito tempo e sequer dissemos o que sabemos: entre os responsáveis pelas finanças de campanha do então governador estava seu vice, hoje ministro do Presidente Lula. Nem isso dissemos com força! Mas não por isso podemos calar diante do descalabro. Ainda que o eleitorado não nos acompanhe neste momento, deixaremos as marcas de nosso estilo, de nossas atitudes, para calçar um futuro melhor para o país.

Para que o PSDB se justifique perante o eleitorado como uma força renovadora ele tem que se distinguir. A podridão que encobre "a política" está nos transformando em vultos. Precisamos reganhar nossa cara. Nosso candidato à Presidência tem as mãos limpas. Tem história de seriedade. Por que não bradar isso com força ? Por que não fazer o contraponto com o outro lado. Nada a temer nem a esconder. Geraldo Alckmim pode dizer o que Lula não pode porque sua história não passa por acusações de suborno a prefeituras. Ele não tem que explicar, como Lula, por que tendo tanto dinheiro vivo (e quanto!), não paga dívidas. Por que ora diz nunca ter ouvido falar de sua dívida no partido, ora que a discutiu, mas não a reconhece. Enfim: faltam condições morais a um e sobram a outro. Essa é a diferença. E este é o ponto de partida para recuperar o reconhecimento público do valor da política. Sem que haja uma diferença entre bons e maus, a geléia geral predomina e elegeremos de cambulhada um Congresso no qual os sanguessugas e mensaleiros derrotados serão substituídos por outros prestes a reviver a mesma história.

O não à corrupção, não nos iludamos, é a condição para o futuro, tanto do país como nosso. Mas não basta a diferenciação moral. Há problemas urgentes que afligem o povo e sobre os quais não podemos calar. O mais angustiante é o medo: medo do crime, da violência. Também neste caso o PSDB tem responsabilidades e tem o que dizer. Em São Paulo, para cingir-me ao estado que foi governado por Alckmin, as taxas de homicídio e latrocínio caíram fortemente graças à ação da polícia.

Nunca se prendeu tanto, a um ponto tal que a cada mês há mais 800 presos, descontando-se os que são liberados. Para atendê-los seria preciso construir uma penitenciária por mês! Resultado: o sistema prisional está abarrotado e, há que reconhecer, não foi capaz de dar tratamento adequado à massa de presos, criando um caldo de cultura para a criminalidade e deixando ao PCC espaço para demagogia em nome da melhoria de condições de vida dos prisioneiros. Sem falar no uso continuado de celulares, da cumplicidade entre criminosos e advogados, às vistas cúmplices, algumas vezes, das autoridades carcerárias. Reconhecer isso não é desmedro.

O governo federal, à parte a demagogia recente de oferecer o que não tem (a Força Pública Federal) ou o uso instrumental das Forças Armadas para tarefa que não lhes compete, não transferiu no momento oportuno os recursos do Fundo de Segurança Pública, criado no governo anterior, nem se empenhou pela aprovação pelo Congresso das mudanças necessárias nos codigos de Processo Penal e de Execuções Penais.

Diante desse descalabro, o PSDB e seus candidatos têm discurso: assim como se mostraram capazes de prender, saberão, no governo federal e nos estados, criar melhores condições no sistema prisional, sem deixar de serem duros no combate ao crime organizado e a todas as formas de delito. Empenhar-se-ão para que haja maior diferenciação nas penas, utilizarão, com apoio da Justiça, as penas alternativas, endurecerão, como o governo de São Paulo já fez, o tratamento dos criminosos de alta periculosidade, aplicando-lhes tratamento diferenciado, causa aliás do horror que o PCC tem ao PSDB. E sobretudo, batalharão pela aprovação das medidas que estão no Congresso e que permitem a ação unificada das polícias civis e militares e a intensificação do uso dos serviços de inteligência, incluindo os das Forças Armadas.

Nada disso, entretanto, tornará o PSDB indulgente com quem pensa que polícia está aí para baixar o porrete e matar, nem com a confusão inaceitável entre pobreza e crime, periferia e PCC . Sem esquecer que se os governos do PSDB tiveram êxitos em baixar as taxas de homicídios e latrocínio - crimes da alçada estadual - o mesmo não se poderá dizer do governo Lula sobre os crimes de alçada federal: o contrabando de armas e de drogas.

Há, portanto, razões de sobra para não temer a discussão do crime, das drogas e da violência, temas que tanto preocupam o povo. E há como nos diferenciarmos das forças governistas no debate. Esta diferenciação é essencial. Se não, por que votar em nós? Essa diferenciação começa no aspecto moral mas avança em tudo mais. Não quero cansá-los, mas é descabido aceitar que a política econômica atual seja a continuidade da nossa. Sim e não.

Mantiveram o que era óbvio (metas de inflação, câmbio flutuante e superávits primários), pois do contrário já estaríamos a ver os protestos das donas de casa contra a inflação e a carestia. Mas, sem avanços nas reformas e sem ousadia diante de um panorama favorável na economia mundial, o custo da aplicação dessas medidas será grande. Sem reforma da Previdência (o que foi aprovado não teve seqüência nas leis complementares e portanto nada mudou de fato), tornou-se impossível baixar os juros há mais tempo. Assim, para manter a boa apreciação dos credores internos e externos, o superávit primário teve que se manter nas alturas, sufocando os recursos para a construção de estradas e da infra-estrutura em geral. Quem pagou o preço? O povo, através dos impostos.

Agora, diante da conjuntura eleitoral e para compensar os anos de carência, veio a bonança às custas do futuro: aumentos de salário, expansão das bolsas, expansão do crédito, antecipação do décimo terceiro salário dos funcionários etc. Não havendo um incremento significativo dos investimentos (a taxa, em moeda corrente, anda abaixo de 20% do PIB há vários anos) e havendo a ampliação do gasto público, é só a conjuntura internacional mudar e pagaremos o custo da crise fiscal, das ineficiências acumuladas, da falta das reformas, tudo sempre revestido da maior empáfia dos que pensam que "nunca neste país, se fez mais e melhor do que neste governo". A verdade é que há uma gastança irresponsável e um novo inchaço do governo, sem nenhuma preocupação com a qualidade dos gastos.

Isso sem esquecer do "aparelhamento" do estado, com as sucessivas nomeações de "companheiros" e aliados, sem a devida qualificação técnica. Processo que alcança grau máximo de irresponsabilidade quando são nomeados políticos derrotados ou apaniguados para ocuparem posições nas agências reguladoras, causando temor nos investidores dada a politização de uma área do governo cuja respeitabilidade e independência técnica é essencial para atrair investimentos.

Que ninguém se iluda: o PSDB não se fia no mercado como o promotor do bem estar social. Nós sabemos que a ação do Estado é essencial. Mas de um Estado verdadeiramente democrático e republicano, que não se deixa usar pelos interesses privados, de partidos, pessoas ou empresas e que não se encastela em uma burocracia arrogante e pouco competente que , no final das contas, acaba por servir apenas ao capital, repudiando-o onde ele é necessário (nos investimentos) mas cedendo ao que seus piores segmentos desejam concedendo privilégios ao alvedrio do poder.

Na linha de assumir posições claras e firmes, o PSDB deve aproveitar as pressões mais do que justificadas por uma reforma eleitoral para iniciar a pregação, desde já durante a campanha eleitoral, das vantagens do voto distrital. A principal delas é que o voto distrital quebra a espinha do atual sistema que induz à corrupção e à desunião partidária. Hoje o candidato compete fortemente com seus companheiros de partido, pois sua eleição depende do número de votos que tiver, em contraposição ao número obtido por outros candidatos do mesmo partido. Além disso, cada candidato "pesca" votos no âmbito de todo o estado. Como a lei eleitoral permite que cada partido lance candidatos correspondentes ao dobro do número de cadeiras que cada estado tem no Congresso, em um estado como São Paulo serão 140 candidatos por partido.

Supondo que depois da lei de barreira sobrem sete partidos, poderão estar competindo 980 candidatos pelo voto dos 25 milhões de eleitores paulistas. Isso obriga o candidato a esparramar sua campanha por todo o estado (o que custa caro) e leva à dispersão de responsabilidades: o eleitor se esquece em quem votou, no emaranhado de candidatos, e o candidato, uma vez eleito, não sabe, de fato quem são seus eleitores.

Na insegurança, e pensando na reeleição futura, o deputado (como já teria feito o candidato) vai estabelecer uma rede de segurança apoiando-se em prefeitos e eventualmente em alguma empresa, aos quais busca prestar favores, numa versão atualizado do velho clientelismo (que subsiste nas zonas mais pobres do país) que intercambiava votos por favores prestados diretamente ao eleitor. Essa é a sementeira da corrupção: uma emenda no orçamento ajuda o prefeito, ajuda a empresa amiga. Para realizá-la o deputado exerce a função de despachante de luxo: negocia com pessoas da administração federal tanto a área de aceitação da emenda como, mais tarde, aprovado o orçamento, a respectiva liberação das verbas: está fechado o circuito das sanguessugas, sendo que o das ambulâncias, provavelmente, foi apenas um dos muitos circuitos existentes. No meio do caminho, as propinas e vantagens.

O voto distrital acaba com isso ou pelo menos dificulta muito. Por que? Porque em cada distrito cada partido lança apenas um candidato (não há mais a concorrência destrutiva da coesão partidária), o eleitor sabe mais facilmente em quem votou e pode acompanhar o desempenho do eleito em função dos interesses do distrito. Mesmo no caso de São Paulo, onde forçosamente os distritos serão compostos por cerca de 350.000 eleitores (25 milhões divididos por setenta cadeiras) torna-se muito maior a proximidade entre eleitor e eleito e, portanto, se torna mais fácil cobrar do candidato e obrigá-lo a prestar contas: na próxima eleição serão os mesmos 350.000 eleitores que escolherão entre sete pessoas, uma delas já no cargo e as outras seis denunciando irregularidades, se as houver, praticada pelo deputado que busca a reeleição. E torna menores os custos das eleições.

Pode haver uma discussão sobre a substituição do sistema atual de voto proporcional e uninominal pelo de "listas fechadas" dos partido, sistema no qual o eleitor vota na legenda e não em pessoas e os candidatos ocupam as vagas ganhas pelo partido na ordem definida pela direção partidária. O inconveniente deste sistema é que as oligarquias partidárias terão mais força para ordenar a lista e, como entre nós o voto é muito personalizado, o eleitor se distanciará ainda mais do candidato. Também é possível adotar um sistema de voto distrital misto. Este tem a vantagem de assegurar mais claramente as opiniões minoritárias e a votação em candidatos cuja base é dispersa, dado que seu apoio vem da opinião de eleitores distribuídos pelo espaço estadual. O maior inconveniente é a dificuldade de compreensão do sistema pelo eleitor e sua aplicação na prática. Entretanto, se esta for a solução para uma convergência política, não vejo porque o PSDB iria se opor. A defesa do voto distrital puro está baseada em que a lei de barreira já restringirá, de qualquer modo, a chance dos mini-partidos e o voto de opinião será mais facilmente acolhido nos distritos metropolitanos, o que levará os partidos a apresentarem candidatos com estas características para vencer as eleições distritais.

Há outros temas nos quais o PSDB pode e deve marcar sua identidade. Temas que afligem os brasileiros e para os quais há soluções. Mencionei apenas os politicamente mais candentes, embora nem sempre se refiram às questões estruturais. Entre estes a educação prima. O PSDB tem a responsabilidade de lutar por seu legado. O que fizemos no governo federal e em alguns governos estaduais em matéria educacional é muito valioso. Não se trata apenas do aumento da matrícula em todos os níveis do ensino, mas de uma mudança de mentalidade: a preocupação com avaliar e a introdução de novas técnicas de avaliação de resultados, a diferenciação de salários de acordo com o desempenho dos professores, a formação de fundos de pesquisa (infelizmente contingenciados), e assim por diante. Cabe-nos agora inovar mais. O grande desafio será o da extensão do tempo de permanência das crianças nas salas de aula, o aumento do salário dos professores, sua melhor qualificação, e a generalização do uso dos computadores. Tudo isso é factível e nós sabemos como fazê-lo, sem misturar educação com propaganda nem transformar cada programa em nova trincheira partidária, com a nomeação de apaniguados e militantes .

O mesmo se diga sobre saúde, reforma agrária (é clamoroso o que o governo atual faz de errado e lento nesta área, pela qual fomos tão criticados e na qual tanto fizemos). E não devemos temer a Bolsa-Família. Ela não apenas resultou de programas que nós criamos (inclusive a preparação técnica para a unificação dos programas) como vem sendo desvirtuada pela velocidade eleitoreira com que cresce e pelo descuido na verificação da satisfação de requisitos para sua obtenção. E sobretudo porque tem sido feita no embalo da pura propaganda eleitoral, tornando um propósito saudável, pois inauguramos estes programas como um "direito do cidadão", numa benesse do papai-Presidente. Na verdade por este caminho formar-se-á uma nova clientela do governo. Se a ela somarmos a clientela dos assentados pela reforma agrária que não são emancipados, quer dizer, que não produzem para pagar seus compromissos e dependem a cada ano de novas transferências de verbas orçamentárias, estaremos criando o maior exército de reserva eleitoral da história. Aí sim caberá o "nunca se viu neste país..."!

Para gerar empregos e transformar os programas assistencialistas, embora importantes, em pontes para o verdadeiro bem estar (que depende dos programas universalistas na saúde, na educação e, sobretudo na geração de empregos de melhor qualidade) não cabe dúvidas de que o PSDB, sem se atemorizar com slogans do tipo "governo neoliberal" (mesmo porque, se for para adjetivar, a nenhum governo caberia melhor o epíteto do que ao do PT), deve pregar e praticar uma revolução capitalista, ou, nas palavras usadas há tanto tempo no discurso de Mário Covas, um "choque de capitalismo". Não podemos continuar meio envergonhados cada vez que o PT e seus aliados falam de "privataria". Privatizamos sim, e nada temos a esconder no processo de privatização: tudo foi feito em leilões públicos, com preços que quando foram estimulados pelo governo foi para sem maiores e se maiores não foram em certos casos (por exemplo, na Light do Rio de Janeiro, ou na Vale do Rio Doce) foi porque o "mercado" avaliou que, nas condições da época, mais não valiam, quer dizer: não havia empresas dispostas a comprar pelo preço estipulado porque o consideravam alto. O empenho do governo foi para que houvesse mais lances, tal era o temor do capital privado (sobretudo o nacional) que considerava elevados os valores mínimos dos leilões. Algumas dessas empresas tiveram um sucesso estrondoso graças ao trabalho que desenvolveram, caso da Vale, hoje controlada basicamente pela Previ e pelo Bradesco. Outras tiveram menos sorte: os capitais franceses investidos na Light, aliás estatais, certamente não se recuperaram na recente venda da empresa à Cemig e à Telemar.

É preciso dizer com todas as letras e toda a força que a privatização da Telebrás foi um sucesso absoluto, que o preço pago pelo que o Estrado possuía dela (20% do capital total, embora de controle) talvez não corresponda hoje ao valor total das empresas de telecomunicações e que o povo se beneficiou enormemente, dispondo o país de um moderno sistema de comunicações, sem o qual não haveria internet nem modernização produtiva. E dizer também que no setor elétrico houve fracasso: privatizamos apenas a distribuição de energia e a Eletrosul, permanecendo nas mãos do governo Furnas, Chesf, Eletronorte e, naturalmente, Itaipu, que por seu caráter especial não deve mesmo ser privatizada. Resultado: é só ver as estatísticas sobre investimentos no setor (que não dispõe de um modelo claro e competente, indutor de parcerias com o setor privado) para entender porque vira-e-mexe fala-se de apagão. Não o de 2001, conseqüência da má gerência e da falta das águas, mas da falta de investimentos para geração nova de energia. E a privatização da Rede Ferroviária Nacional, acaso não foi um êxito?

Sendo assim, o PSDB não deve alimentar dúvidas metafísicas sobre se teria sido certo ou errado privatizar. Não que tudo deva ser privatizado: jamais aceitamos a privatização do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e da Petrobrás, por exemplo. Mas no governo do PSDB essas organizações não serviam de instrumento de politicalha, como agora no caso da quebra de sigilo na Caixa ou do valerioduto no BB, sem falar das compras de navio pela Petrobrás em estaleiros inexistentes, ou na diminuição do ritmo da exploração do petróleo. É preciso devolver a estas grandes organizações seu caráter de "corporações públicas" que atuam no mercado e não estão sujeitas à ingerência de políticos, obedecendo apenas às políticas de estado.

Se não devemos fazer da privatização objetivo único e nem mesmo central do governo, tampouco podemos desprezar a colaboração do capital privado nacional e estrangeiro com o governo, sobretudo nas obras de infra-estrutura e no terreno em que temos melhores promessas de futuro, o das energias renováveis. Onde estão as PPP? Nenhuma saiu do papel, sem esquecer que quando privatizávamos, o Tesouro recebia recursos dos particulares enquanto que agora, com a filosofia lulista das PPP, dá-se o contrário: é o Tesouro quem dá dinheiro aos particulares para que eles invistam... Mas não são benesses o que o capital privado sério mais deseja, são outras coisas: regras firmes e transparentes. Ou voltamos a dispor de agências regulatórias com o espírito com o qual as criamos, de independência para garantir ao mesmo tempo o interesse do consumidor, o dos investidores e o nacional, ou veremos a politiquice prevalecer sobre tudo o mais, como já ocorre hoje de forma incipiente na ANATEL na ANP.

Digamos claramente também que o PSDB sabe que para retomar o crescimento com consistência, além das reformas, será necessário aumentar o investimento público em infra-estrutura e cortar impostos, simultaneamente. Esta "mágica" só se faz quando o governo está decidido a melhorar a qualidade do gasto, cortando programas desnecessários, sendo comedido na concessão de benesses e, garantidos os eventuais direitos, enxugando a máquina pública. Ou seja: fazendo o contrário do que faz o atual governo.

Por fim, para não me alongar mais, chega de dizer bobagens sobre a globalização, como se fosse culpada de nossa própria incapacidade. Chega de agir na prática como se acordos comerciais, tipo ALCA, fossem projetos imperialistas de anexação de território. São sim projetos de grupos de poder e interesse, diante dos quais temos de prezar e defender os nossos, e não enfiar a cabeça na areia e imaginar que na escuridão há "uma outra política", na verdade de um antiquado "terceiro-mundismo". O PSDB precisa assumir sua contemporaneidade. Queremos sim integrar-nos ao mercado internacional, o que não quer dizer submetermo-nos aos caprichos das potências dominantes, sejam os EEUU, a China, ou quem for. Nem quer dizer, por outro lado, que nos de-solidarizaremos dos países mais pobres ou que o mercado destes bem como o dos países de economia emergente não nos interessa. Esta postura claramente integradora na economia mundial obriga-nos simultaneamente a ter posições ainda mais firmes de repulsa às doutrinas da "guerra preventiva", estas sim imperialistas no campo político e ideológico. Da mesma maneira repudiamos a crença no destino manifesto das grandes potências para estabelecer à força a forma de democracia que lhes parece a mais adequada.

Enquanto hesitamos na política externa, dando margem à difusão de que acreditamos que para combater o hegemonismo político-ideológico é preciso seguir a tradição populista latino-americana, nada fazemos para garantir acordos comercias que nos interessam, isolando-nos cada vez mais em um Mercosul enfraquecido por nossa falta de liderança. Resultado: nem ALCA, nem acordo com a União Européia, nem qualquer outro acordo bi-lateral. O PSDB precisa ter uma posição mais clara sobre tudo isto.

Em suma, se quisermos exercer uma liderança renovadora precisamos manter os antigos compromissos democráticos, radicalizando-os, através da reforma política com a introdução do voto distrital e da fidelidade partidária; precisamos reatar os fios entre o partido e a sociedade, buscar o diálogo com os sindicatos e movimentos populares (agora mais fácil pela quebra do hegemonismo petista. A visão moderna de democracia impõe a participação ampliada da cidadania no processo deliberativo, inclusive senão que principalmente, na rotina partidária, revigorando, as prévias para a seleção dos candidatos. Precisamos romper os vínculos ideológicos que ainda nos prendem à visão estatista-desenvolvimentista e rechaçar todas as formas de populismo, substituindo-as por práticas genuinamente populares com a presença mais ativa dos cidadãos e militantes na formatação das políticas do partido e na implementação dessas nos estados em que governamos. Precisamos assumir que, no contexto atual, ser progressista é lutar para democratizar a sociedade, sustentar políticas que reduzam a pobreza até sua eliminação, gerando empregos sem contentar-nos com o necessário assistencialismo e sem ficarmos embaraçados com a forma capitalista do crescimento da economia, à espera do novo Godot, a "revolução salvadora". Esta não está em nosso horizonte histórico, embora o ideal da Justiça possa e deva continuar a motivar nossos corações a lutar cada vez mais pela redução das desigualdades sociais.

Novos ares no TCU?

05 de setembro de 2006

Esta é a transcrição da entrevista ao novo presidente do TCU, publicada no EStado de Sao Paulo em Internet hoje.

Sábias palavras. Veremos se a ação do TCU se alinha com elas...

"Partidos fazem concessões a oportunistas"
Por Vannildo Mendes - Estadao.com.br

Crítico mordaz do governo petista, cujas contas julgou duas vezes com um festival de ressalvas, o ministro Guilherme Palmeira assume hoje a presidência do Tribunal de Contas da União (TCU) com uma meta: dar eficácia às decisões da corte. O ministro assume no lugar de Adylson Motta, que se aposentou por ter atingido a idade limite, 70 anos.

Em entrevista ao Estado, o novo presidente do TCU disse que o País vive um processo de deterioração ética por conta da deformação do sistema partidário. "Todos os partidos lutam para chegar ao poder dentro de um modelo deformado e fazem concessões a pessoas oportunistas, sem qualquer vínculo ideológico." Em 1994, Palmeira, então senador, foi indicado pelo PFL para vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso à Presidência. Mas teve de desistir - foi substituído por Marco Maciel - após denúncias de envolvimento de assessores seus com irregularidades.

Como o senhor avalia a deterioração ética do País?

A política está deformada. Isso é provocado por vários fatores, principalmente a falta de partidos fortes e estruturados. Há alguns partidos consolidados, como o que ajudei a fundar, o PFL, e o PT, que já foi ideológico e deixou de ser. Mas todos foram se deformando ou se amoldando. Criaram-se distorções. Há boas intenções nas lideranças, mas não existe estrutura para que as idéias sejam colocadas em prática. A partir dessa limitação, o que se quer é o poder.

Em busca do poder, os partidos estão negociando princípios?

Todos os partidos lutam para chegar ao poder e para isso fazem concessões. A realidade que a gente idealiza é que essas coisas não sejam só de momento. Você não pode viver de adesões para chegar ao poder. A falta de identidade e de compromisso dos candidatos com os partidos vai desiludindo o povo, vai tumultuando o andamento do processo político e as lideranças ficam à mercê de oportunistas, que vão deformando as legendas. Umas mais outras menos, em todas há essa distorção. Isso precisa ser corrigido com uma reforma política e não simplesmente com reforma eleitoral.

O TCU tem como contribuir para a transformação ética do País?

O TCU procura, através de fiscalizações, dar essa contribuição. Agora precisamos da cooperação do Congresso, para que nossas decisões sejam executadas pela Justiça. A média de retorno ao erário por conta das sanções aplicadas pelo TCU é de apenas 1% das multas. É muito baixo. O retorno é feito pela Advocacia-Geral da União, que não tem estrutura suficiente.

Cartas de Brasilia

Onde está o gênio?

Viernes, 19 de Marzo de 2004

De: Cnobre
Para: AS

Fiquei sabendo hoje que o Nobel de economia 2004 não vai se realizar, pois diante te tamanho brilhantismo intelectual e filosófico-econômico, seria perda de tempo procurar outro candidato. Agora só falta encontrar o gênio da equipe econômica do governo que elaborou este complexissimo algoritmo econômico: "apareceu outra conta para pagar=que paguem os contribuintes".

Economistas de jardim infantil, ou gênios abstracto-minimalisto-económicos? esperamos que as urnas tenham a resposta!...

Cartas de Brasilia

Para começar seu dia sorrindo, ou chorando

Viernes, 19 de Marzo de 2004

De: Cnobre:
Para: AS

Obrigado pelas boas piadas! Lendo nas entrelinhas, subentendo que a coisa deve estar pegando fogo por aí, né? Não se desespere, pois se sobrevivemos aos últimos 30 anos de "chefes", não vai ser esse "cabradapesti" que vai nos derrubar.

Ponha-se no lugar dos Petistas, esses sim devem estar sentindo-se absolutamente órfãos, sem chão, acreditando que o mundo vai terminar em buraco (provavelmente orçamentário...). Como simpatizante do PSDB (sem achar que fizeram só maravilhas nos 8 anos de planalto), estou cada dia mais convencido do que te escrevi já faz mais de um ano: estamos diante da metamorfose surpeendente do PT em PSDT. O problema é que esse monstro, ainda em formação, tem corpo de tucano, age como tucano, mas ainda tem cérebro, discurso e promessas vermelhas. Talvez no final desse processo de metamorfose tenhamos a um PSDT mais estruturado e coerente. Quem (sobre)vivier verá...

Cartas de Brasilia

O santo com pés de barro

Viernes, 20 de Febrero de 2004

De: Cnobre:
Para: AS

Andei lendo as ultimas noticias do Brasil e, veja só, me encontrei com a enorme surpresa de ver o PT envolvido num escândalo de financiamento político. Que coisa, não? Será que agora os santos com pés de barro vão descer do pedestal?

Falando sério, é meio triste ver que até o "partido ético" anda derrapando no quesito limpeza. O lado bom é a famosa e tão propalada "desmistificação do PT". Parafraseando alguém, mais uma vez confirmamos que "é mais fácil ser pedra que ser vidraça", e vamos esperar que os eternos opositores deixem de ser uma burra oposição a tudo e todos quando deixarem de ser governo.

Cartas de Brasilia

Jueves, 13 de Noviembre de 2003

De: Cnobre:
Para: AS

Li isso e não pude deixar de te mandar. É o editorial do Estado de hoje e reforça o que escrevi antes. A semente plantada pelo trabalho do qual você participou tem que estar germinando:

"Assim como se disse do discurso em que defendeu a integração militar da América do Sul, pode-se dizer do desabafo do ministro da Casa Civil, José Dirceu, sobre a sua cansativa luta contra as deficiências da máquina estatal, que mistura coisas verdadeiras com outras nem tanto. De um lado, a constatação de que o governo tem burocracia demais e eficiência de menos, o que exige "trabalhar cada vez mais para reformar o Estado". De outro, a frase: "Precisamos lembrar como encontramos a administração pública do Brasil."

A afirmação é duplamente contestável. Primeiro, porque sugere ter sido um descalabro a gestão do governo anterior. Isso é falso. Embora a modernização do aparelho federal tenha ficado aquém do que pretendia o presidente Fernando Henrique – até em razão das resistências corporativas estimuladas pelo PT –, ele não só tinha uma visão do problema mais avançada do que a do seu sucessor, como ainda lhe entregou um Estado menos arcaico do que recebera. Segundo, porque, qualquer que fosse a situação que o novo governo encontrou, quase sempre conseguiu piorá-la, antes de mais nada devido à sua obsessão em reinventar a roda. O corpanzil burocrático tornou-se ainda mais volumoso, com a proliferação de ministérios e secretarias inventados para mostrar "vontade política" de resolver problemas e, sobretudo, acomodar companheiros malsucedidos nas urnas. Diversos destes se revelaram tão incompetentes para administrar os seus setores quanto haviam sido para conquistar o eleitor.

Com atribuições não raro redundantes, resultado inevitável da hipertrofia do corpo burocrático, ficaram batendo cabeça e tentando passar rasteiras uns nos outros. Além de transformar o Executivo em um espécime pesado em excesso para se mover e trapalhão em excesso para achar o bom caminho, os recém-chegados promoveram o maior entra- e-sai nos níveis superiores e médios do aparato federal pelo menos desde o fim do regime militar, em 1985. Foi a apoteose do aparelhamento – a premiação daqueles cuja credencial mais luzidia é a carteirinha partidária, com o afastamento de administradores capacitados e experientes em navegar pela burocracia. No Brasil nunca faltaram governos marcados pelo nepotismo – hoje mesmo, o do Paraná de Roberto Requião é um escândalo. Já a marca do governo Lula é a do "nepetismo", a distribuição da massa disponível de cargos de confiança entre os quadros do PT e das siglas aliadas, com as conseqüências que se viu, por exemplo, no desfiguramento do outrora modelar Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro.

Outra característica que deve contribuir para o cansaço do ministro Dirceu é a baixa qualidade do processo decisório. O verdadeiro parto que foi o projeto sobre os transgênicos enviado semanas atrás ao Congresso e os graves defeitos congênitos do texto enfim dado à luz são apenas um tropeço entre muitos de um governo que lida mal com as próprias pernas. Mesmo quando um ministro ou o presidente identificam corretamente um problema a resolver, a forma de fazê-lo lembra muitas vezes a proverbial emenda pior que o soneto. Nesse sentido, a suspensão da aposentadoria aos jubilados com mais de 90 anos, enquanto não se recadastrassem, é um caso de manual. O Ministério da Previdência sabe que paga benefícios a pessoas já falecidas e quer acabar com essa fraude. Pois bem. De todas as formas concebíveis de enfrentar a questão, adotou a mais primitiva, com o típico vezo autoritário dos poderosos de turno de não parar para pensar no que o seu imaginário ovo de Colombo representaria para as pessoas de carne e osso.

O presidente Lula acaba de fazer a sua parte nessa seqüência de equívocos. O Congresso havia aprovado – com parecer favorável do Ministério da Educação – o repasse de recursos do Fundo para o Desenvolvimento e Manutenção do Ensino Fundamental (Fundef) para instituições de ensino sem fins lucrativos que acolham alunos portadores de deficiência. Isso contraria pela base a emenda constitucional que criou o Fundef, exclusivo para a rede pública. Pois bem. Por não ter oferecido outra alternativa durante a tramitação da matéria, só restou ao presidente vetar a lei. Mas o fez de supetão – o ato caiu no Legislativo como um raio em céu azul – e, o que é pior, sob o antipático argumento de que a iniciativa comprometeria o ajuste fiscal. Até parlamentares do PT reagiram com indignação. Armada a encrenca, só então o presidente se lembrou de cobrar do ministro da Educação uma fórmula para os alunos excepcionais. O governo Lula precisa de uma urgente revisão."

29 de julho de 2007

Bemvindos a este blog

Olá amigos.

Este é um Blog que estou resgatando de outro endereço, e que tem como único objetivo lançar idéias ao ar, pensando um novo Brasil que poderia surgir das cinzas deste grande incêndio que nos consome todos os dias.

Vivo fora do país há mais de dez anos, mas me mantenho informado sobre os acontecimentos politicos e sociais da terra brasilis diariamente. Acredito que isto me dá a possibilidade de observar os fatos com mais frieza, mais distanciamento, me dá a chance de olhar os fatos e circunstancias com uma perspectiva diferente de quem está dentro da caldeira.

Tenho opinioes políticas muito definidas, mas tentarei manter esta discussao num âmbito o mais apartidario possível. Existem sabios, loucos e bandidos em todos os partidos.

Estarei nos proximos dias transferino o conteúdo de meu antigo Blog, e deixo aqui o convite para que qualquer pessoa que tenha idéias, opinioes ou análisis mais abrangentes, de longo prazo, sobre o que ocorre com nossa sociedade e nossa politica, para que deixem aqui sua opiniao.

PS: alguns teclados em espanhol nao tem "til", portanto peço desculpas se alguns posts tiverem estas falhas ortofráficas...

Abraços a todos e bemvindos.