30 de julho de 2007

Refelxões sombrias.

21 de septiembre de 2006

Os últimos acontecimentos políticos envolvendo o PT com (mais) uma falcatrua me deixa algumas sensações claras:

1 – O Brasil está tendo a excelente oportunidade de se desenvolver e de aprender com os muitos erros cometidos num ato tão simples e importante como votar. Não acho que o PT seja pior do que muitos outros partidos. Simplesmente estava, e felizmente já não está, vestido com trajes de virgem imaculada, e isso foi suficiente para uma parcela importante do povo brasileiro. Faltou escola, arroz e feijão para perceber que era só um partido mais. Agora, felizmente, está ficando claro para cada vez mais gente que o PT não é mais do que é: uma agrupação que vendeu a alma ao diabo, teve que entregar, e agora está vazio de conteúdo, de idéias, de propostas. Passou a ser só uma casca vazia, onde se escondem as criaturas mas escabrosas, que vão se dedicar a fazer o que sabem melhor.

2 – Dias piores virão. O PT já era como organização política. Perdeu o rumo, o caráter e a compostura. Lamentavelmente tudo indica que o carisma pessoas de um só homem no partido vai ser suficiente para levá-lo ao Planalto por mais 4 anos. E o que vai acontecer então? Com quem vão se aliar? Qual vai ser sua base parlamentar? Provavelmente os mesmos anões, mensaleiros e sanguessugas de sempre. E aí o que vai acontecer? Mais do mesmo, mais falcatruas, mais roubalheiras, e nenhum passo adiante. Como aprovar uma reforma política que poderia diminuir a promiscuidade parlamentar, reduzir o numero de partidos e melhorar sua representatividade num congresso desses? Não vai haver estímulo ou vergonha na cara que bastem. E em 4 anos mais, quem sabe, vamos estar como em 1994. Se tivermos sorte.

3 – Dias piores virão II – Para conseguir seu propósito “reeleitoral”, a presidência lançou o seu “pacote de bondades” sem olhar para o saldo no banco. Afinal, o Brasil é um país rico. Tão rico como a Argentina quando deixou de pagar sua dívida externa. Agora, lançou um orçamento 2007 que é uma obra de ficção, e que, com a capacidade administrativa desse governo, não vai se cumprir. Vamos terminar 2007 com um rombo gigante nas contas publicas, o superávit primário vai se transformar numa mochila excessivamente pesada para carregar, e as tentações serão fortes. E em 4 anos mais, quem sabe, vamos estar como em 1994. Se tivermos sorte.

4 – Dias Piores virão III – Talvez o pior legado de la era Lula para o Brasil não seja a desordem generalizada que vai deixar na coisa pública, nem os rombos orçamentários, nem perder a oportunidade de crescer num panorama internacional excepcional. Para mim, o mais doloroso é ver a legitimação da malandragem, da falta de caráter e da patifaria. O PT urdiu um esquema eficiente de neutralização de entidades de classe que faz com que tudo pareça normal. Que ninguém está indignado. E o povo dos grotões do Brasil, que recebem a migalha mensal que não lhes ensina nada, vê o que ocorre, vê a nula reação coletiva, e começa a assimilar a mensagem: Para que estudar? Para que seguir o caminho correto e quase sempre mais duro? Para que ser honesto? Onde esto os caras pintadas? Um país está perdendo seu caráter, e isso e muito, muito grave. Choro pelo futuro desse país.

5 – E por quê? – Quando olhamos para esta palhaçada chamada governo, e para o público que, entre pasmo e ignorante nada faz, poderíamos perguntar-nos como chegamos a este ponto? Para mim, a resposta está clara: o PT cresceu no vácuo da oposição. Se a oposição fosse realmente melhor que o PT, não seria oposição. Na favela não tem policia nem governo e o tráfico ocupa seu espaço. Nas cadeias não tem policia nem governo e as facções criminosas ocupam seu espaço. Não são sintomas isolados, são pequenos fragmentos de uma realidade bem mais abrangente. Por décadas classes dirigentes pouco preparadas e com princípios questionáveis geraram o caldo de cultivo para que a semente do PT germinasse sem maiores questionamentos. Miséria, falta de escola, falta de perspectivas, falta de respeito transformaram uma enorme massa de brasileiros em votos que valem uma cesta básica mensal. O Brasil é muito, muito mais rico que isso, e o que sobra da conta das cestas básicas pode ser repartido entre os poucos habitantes dos palácios, públicos e privados.

Das cinzas a Fênix renascerá – Talvez...

Talvez o senso de autopreservação das classes “formadoras de opinião” seja suficientemente desenvolvido para perceber que é necessário, imprescindível, repartir um pouco melhor a torta, para diminuir o espaço de manobra de populistas e pelegos. É uma questão de sobrevivência para estas classes. Não se trata de vender seu automóvel popular para andar de ônibus. O buraco pode estar (muito) mais para cima do que as classes assalariadas, independentemente do tamanho do salário.

Talvez dê tempo de impedir que uma estrutura política corrupta e bem organizada surja no vazio do planalto, arraigando-se por lá, novos Chavez tropicais. Talvez não.

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