30 de julho de 2007

Novos ares no TCU?

05 de setembro de 2006

Esta é a transcrição da entrevista ao novo presidente do TCU, publicada no EStado de Sao Paulo em Internet hoje.

Sábias palavras. Veremos se a ação do TCU se alinha com elas...

"Partidos fazem concessões a oportunistas"
Por Vannildo Mendes - Estadao.com.br

Crítico mordaz do governo petista, cujas contas julgou duas vezes com um festival de ressalvas, o ministro Guilherme Palmeira assume hoje a presidência do Tribunal de Contas da União (TCU) com uma meta: dar eficácia às decisões da corte. O ministro assume no lugar de Adylson Motta, que se aposentou por ter atingido a idade limite, 70 anos.

Em entrevista ao Estado, o novo presidente do TCU disse que o País vive um processo de deterioração ética por conta da deformação do sistema partidário. "Todos os partidos lutam para chegar ao poder dentro de um modelo deformado e fazem concessões a pessoas oportunistas, sem qualquer vínculo ideológico." Em 1994, Palmeira, então senador, foi indicado pelo PFL para vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso à Presidência. Mas teve de desistir - foi substituído por Marco Maciel - após denúncias de envolvimento de assessores seus com irregularidades.

Como o senhor avalia a deterioração ética do País?

A política está deformada. Isso é provocado por vários fatores, principalmente a falta de partidos fortes e estruturados. Há alguns partidos consolidados, como o que ajudei a fundar, o PFL, e o PT, que já foi ideológico e deixou de ser. Mas todos foram se deformando ou se amoldando. Criaram-se distorções. Há boas intenções nas lideranças, mas não existe estrutura para que as idéias sejam colocadas em prática. A partir dessa limitação, o que se quer é o poder.

Em busca do poder, os partidos estão negociando princípios?

Todos os partidos lutam para chegar ao poder e para isso fazem concessões. A realidade que a gente idealiza é que essas coisas não sejam só de momento. Você não pode viver de adesões para chegar ao poder. A falta de identidade e de compromisso dos candidatos com os partidos vai desiludindo o povo, vai tumultuando o andamento do processo político e as lideranças ficam à mercê de oportunistas, que vão deformando as legendas. Umas mais outras menos, em todas há essa distorção. Isso precisa ser corrigido com uma reforma política e não simplesmente com reforma eleitoral.

O TCU tem como contribuir para a transformação ética do País?

O TCU procura, através de fiscalizações, dar essa contribuição. Agora precisamos da cooperação do Congresso, para que nossas decisões sejam executadas pela Justiça. A média de retorno ao erário por conta das sanções aplicadas pelo TCU é de apenas 1% das multas. É muito baixo. O retorno é feito pela Advocacia-Geral da União, que não tem estrutura suficiente.

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